Capítulo 18

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Dois anos se passaram, muita coisa aconteceu. No mesmo dia que Angel começou a treinar, seu pai começou orientá-la. Ela seguiu tudo à risca. Nas aulas, fazia alguns exercícios como polichinelos e alongamento, era extremamente importante. Até seu corpo se acostumar, foi um processo doloroso. Além disso precisou mudar alguns hábitos alimentares, mas mantendo os nutrientes necessários para uma vida saudável.

Angel se destacou na companhia com seu grande avanço e a cada dia ficava melhor. A única que estava odiando esse avanço era Dora, sentia que se Angel continuasse progredindo com rapidez tiraria seu posto de melhor dançarina mirim.

Max entrou na aula de karatê aos dez anos. No início se mostrava um menino impulsivo e muito agressivo.

O professor – Sr. Julian – achava estranho o comportamento dele. Toda vez que pedia para enfrentar alguém, ele batia para machucar. Devido a isso chamou sua mãe e explicou a situação.

– Senhor Julian, boa tarde, me chamou aqui para falar sobre o Max, o que houve?

– Por favor, sente-se! – Exclamou apontando para a cadeira.

– Obrigada, o que houve?

– Max é um bom aluno, tem força, garra, determinação, mas é muito agressivo. Ontem, pedi que enfrentasse um menino da mesma idade e eu pensei que precisaria levar meu aluno para o hospital.

– Explique.

– Max acertou dois golpes certeiros na barriga do menino. Após cair, Max tentou acertar outros golpes, mas o impedi. Queria saber de onde vem tanta raiva?

– Tenho minhas suspeitas, ele sofria bullying na escola por ser dançarino de ballet.

– Isso pode ter prejudicado sua mente, já pensou em mandá-lo frequentar um psicólogo?

– Sim, mas só pensei.

– Meus alunos frequentam psicólogo, se a senhorita aprovar posso encaixá-lo também.

– Seria muito bom, obrigada.

– Quero o melhor para meus alunos. Se ele não se "libertar" dessa raiva do passado pode ser prejudicial nas aulas e na vida, compreende?

– Entendo. Pode encaixá-lo. Muito obrigada.

Apertaram as mãos e ela foi embora junto com Max – já estava na hora dele ir embora.

Max começou a frequentar o psicólogo infantil, o nome dela era Vanessa. Uma moça com sorriso radiante, tinha os cabelos cacheados cor de amêndoa, pele morena, lábios pequenos e olhos castanhos.

Ela era irmã mais velha do Julian, com a idade de 32 anos – tinham dois anos de diferença. Era casada com o Dr. Micael – formado em otorrinolaringologia.

As seções com a psicóloga duravam cerca de uma hora e duas vezes por semana. No início ele se mostrou tímido para falar de seu passado, mas um pouco de conversa, ela conseguia ouvir os medos do menino. As seções ajudaram Max a conter sua raiva e concentrar nas aulas normais, ballet e karatê.

Ao completar dois anos de aula, conseguiu subir um de faixa branca para faixa vermelha.

Aprendeu também a tocar violão – entrou nas aulas no mesmo tempo que entrou no karatê, ele amava ouvir o som e queria aprender. Ganhou meu instrumento no aniversário de 11 anos.

Sophia e Tom renovaram os votos de casamento em uma cerimônia reservada, apenas para amigos íntimos e familiares. Eles fizeram a cerimônia na companhia.

A decoração foi com as cores azul e amarelo – as toalhas de mesa foram azuis e as flores amarelas. Sophia e Angel usaram o vestido igual – longo azul-celeste. Sophia usou uma base no tom de sua pele, batom nude e destacou os olhos com cílios postiços. Max e Tom usaram esmoquem preto. A música tocava durante a entrada de Sophia foi CANON IN D. Foi emocionante. Angel entrou usando uma coroa de rosas azuis e um mini buquê de flores amarelas. Sophia entrou acompanhada de Max – ele a levou até o altar.

Todos se emocionaram. Tom não conseguiu conter suas lágrimas durante a entrada de Sophia, ficou até vermelho. No momento dos votos, Sophia falou primeiro.

– Meu amado, dentro de todos esses anos junto com você, percebi que o amor sempre foi nosso alicerce. Você foi meu herói das noites de tempestade. Se meu sorriso é visível hoje é porque você existe. Nunca conseguirei explicar a felicidade que sinto. Graças a você tenho dois lindos filhos. Quero envelhecer ao seu lado e ser sempre a mulher que se apaixonou um dia. Te amo.

Tom não conteve as lágrimas ao ouvir sua esposa. Em seguida foi os votos do Tom.

– Uau, chegamos aqui hoje. 15 anos de casado, hoje comemoramos nossas bodas de cristal. Nem consigo acreditar que tanta coisa aconteceu dentro desses anos, houve choro, mas também belas alegrias. Da nossa união você me deu dois lindos filhos Max e Angel. Não tenho nada a reclamar, apenas agradecer. Agradecer primeiramente a Deus por nos abençoar até aqui e depois agradecer a você, minha guerreira. Passamos muitas lutas, mas as vitórias vieram. Hoje, diante de todos eu declaro todo meu amor a mulher da minha vida, você tem meu coração e para sempre será seu. Te amarei eternamente.

Ambos choraram após a leitura dos votos. Eles trocaram as alianças – dentro delas estava escrito LOVE FOREVER. Os convidados aplaudiram quando houve o beijo.

Na festa, as crianças ficaram correndo para todos os lados, Max sujou o terno com suco de uva e Angel pisou forte na barra do vestido enquanto corria e rasgou uma parte. Ainda bem que isso aconteceu antes das fotos. No momento de cortar o bolo, Tom e Sophia seguraram juntos a espátula.

Houve um momento de valsa entre o casal, tocaram a mesma música usada na entrada da noiva. Sophia estava muito feliz, todos estavam.

TOM

Dançar com minha esposa e ver aquele sorriso sincero, a felicidade estampada nos olhos foi como me teletransportar para outro universo. Como era gratificante ver Sophia com aquele sorriso. Depois de tudo o que passamos, ver aquela cena foi sem igual.

Toda criança tem o seu primeiro amor, do Max foi a Angel, e dela foi um menino chamado Tonico. Ele era loiro, olhos azuis, bochechudo e tinham sardas na região do nariz e testa. Angel e Tonico treinavam juntos. Se apresentaram juntos na companhia. Tonico e Angel eram da mesma idade, nenhum dos dois sabia o que era "amor", mas gostavam de estar perto um do outro.

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