Capítulo 4

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MARTA

No terceiro dia já conseguia ver os lindos olhos verdes e os lisos cabelos ruivos. Ela não nasceu igual a mim, veio igual ao pai. Jonny tinha cabelos ruivos e olhos verde floresta. Isso é uma injustiça! Carreguei ela durante nove meses e saiu a cara do pai. Parecia que foi "Esculpida em Carrara" de tão parecida, talvez com o tempo ela ficaria um pouco parecida comigo.

Minha amada passava a maior parte do tempo dormindo, isso me fez ter uma ideia. Liguei para meu fotografo favorito – o filho da agência de modelos – e pedi para fazer algumas fotos da minha fofa enquanto dormia. Ele confirmou e disse que só terminaria uma seção de fotos com uma modelo.

Enquanto isso, arrumei Angel e eu também. Coloquei um vestido rosa bebê com detalhes bordados nela, passei perfume e fiquei com ela no colo. Tinha apenas três dias que ela havia nascido, mas a amava como se fosse uma vida inteira.

Duas horas depois ele bateu a minha porta. Meu mordomo o atendeu e acompanhou até a sala de estar, era onde eu estava. Alex era um menino novo, tinha aparência de dezoito anos, mas nunca perguntei sua idade. Antes de começar fotografar fiz um pedido.

– Toma cuidado para não a acordar.

– Não se preocupe senhorita Marta, não usarei flash.

Ele fez as fotos. Algumas na sala, coloquei ela no bebê conforto. Outras no quarto e finalizou no jardim sobre a manta da cor branca. Alex agradeceu a preferência e foi embora. Pedi a ele que revelasse todas as fotos que pegaria no outro dia de manhã, também pedi para personalizar um álbum.

Voltei para dentro. Angel começou a chorar com fome, me sentei na poltrona do quarto e amamentei. Aquela era a hora que eu mais gostava, ver ela mamando mesmo de olhos fechados era a melhor sensação que poderia sentir. Jonny chegou minutos depois e foi direto para o quarto. Me encontrou dando o alimento para Angel. Ele sentou a bolsa e ajoelhou de frente a mim. Passou a mão na cabecinha e sorriu emocionado.

– Nossa filha é linda. - Beijou a cabeça dela.

Alguns minutos depois ela voltou dormir, levantei com cuidado para colocá-la no berço. Liguei a musiquinha e sai do quarto, mas deixei a babá eletrônica ligada. Jonny foi tomar banho e eu fui para a sala de estar tocar piano. Após o banho, desceu e ficou perto lendo.

– Querida! - Parei de tocar. - O que acha de contratar uma babá?

– Amor, também pensei, mas vamos fazer isso depois. Angel ainda está novinha e estou de quarentena.

– Tem razão, nossa filha será muito amada.

– Ela já é.

Voltei a tocar e ele a ler. Normalmente nossa rotina era movimentada, mas nos primeiros dias que Angel nasceu, preferimos ficar sossegados.

No dia seguinte foi no estúdio pegar as fotos, Alex colocou no álbum personalizado. Era rosa, com a Branca de Neve e os sete anões decorando a capa. Tinha duas fotos por página. A foto que mais amei foi que Angel estava deitada de bundinha para cima e boquinha um pouco aberta. Jonny foi buscar as fotos comigo. Olhamos as fotos com os olhos brilhando.

– Espero que gostem do resultado. – Falou Alex sorridente.

– Ficaram perfeitas, assim lembraremos de como nossa filha era quando bebê.

– Quando precisarem é só chamar.

– Chamarei para tudo, obrigada! Pode mandar as fotos para o e-mail?

– Farei isso agora mesmo.

Jonny pegou o álbum e colocou dentro da sacola do estúdio. Ao total foram 30 fotos. Voltamos para casa e passei o dia todo em casa paparicando a Angel. Ficava com ela no colo quase o tempo todo. Quando o braço cansava, a deitava no bebê conforto, mas bastava um choro para vir correndo pegá-la.

No quinto dia, Margarete foi me visitar. Fiquei surpresa, pois fazia muito tempo que não recebia visita dela. Após entrar, tirou seus óculos de sol e foi na sala de estar, era onde eu ficava a maior parte do dia. Ela se sentou de frente para mim.

– Marta querida! Há quanto tempo não venho visitar o seu palácio.

– É bom ver você também Margarete, como vai o trabalho?

– Maravilhoso, se melhorar estraga. Ah! – Arregalou os olhos. – Essa é sua filha?

– Sim. – Sorri enquanto olhava Angel.

– Meus parabéns é ela linda... lembro quando Edu era desse tamanho. Quero dar um conselho, filhos são ótimos quando estão desse tamanho, mas é só crescer para começar dar dor de cabeça.

– Talvez possa dar trabalho mesmo, mas é minha filha. Vou amá-la de qualquer jeito.

Depois de ouvir isso se calou. Margarete era minha amiga, mas tinha cada pensamento doido. Ela vivia dizendo que "gente pobre" é inferior, mas não é nada disso. Pessoas são apenas pessoas.

De tarde recebi a visita da enfermeira Elizabeth. Ela disse que queria saber se estava tudo bem comigo e com a Angel. Ficou menos de trinta minutos. Agradeci pela visita e assim ela foi embora.

Meu marido chegou tarde aquele dia, perto das seis da tarde, disse que o banco estava cheio e precisava organizar alguns documentos, mas colocou tudo em arquivos e mandou no e-mail para olhar em casa. Naquela noite, nosso jantar foi sopa de legumes e carne, Jonny que fez o jantar e ficou bom.

Antes de dormir amamentei minha filha e coloquei ela no berço. Acariciei seu rosto e beijei sua bochecha. Jonny deitou primeiro.

– Cada dia ao lado da nossa baixinha é único. - Falou Jonny deitado na cama.

– Concordo, ela nos trará muita alegria. – Deitei. – Em alguns meses iremos ver os primeiros passos, o primeiro tombo, daqui uns anos o primeiro dia de aula, quero que sejamos pais presentes.

– Do jeito que vejo, você vai ser a mãe mais grudenta da cidade.

Nos beijamos e dormimos. Um novo dia ia chegar e mais alegrias estavam por vir.

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