2001
ANGEL
Os pais da Lia eram como meus próprios pais, eu os amava muito. Teca e Timothy era o nome deles, eles me levavam junto com a Lia em tardes ensolaradas para tomar sorvete de casquinha e brincar no parque. Teca se chamava Stefany. Timothy trabalhava no WORLD TRADE CENTER como auxiliar administrativo e Teca como secretária de um homem chamado Gerry Mikael.
Tinham posição financeira muito boa, moravam em uma bela casa no centro de Nova York há dez quilômetros do seu trabalho. Teca era loira, olhos verdes, pele clara e tinha 1,68 de altura. Rosto fino, lábios médios e sobrancelhas loiras. Timothy era negro, cabelos crespos, gordinho, 1,70 de altura e olhos castanhos. Costumava chamá-lo de Fofo porque era meio gordinho.
Lia era mais parecida com o pai, era negra e tinha cabelos crespos. Só os olhos eram iguais os da sua mãe, verdes.
No dia 10 de setembro de 2011 no início do dia, Timothy nos levou ao parque e tomamos sorvete de baunilha com chocolate. Papai me deixava sair com eles frequentemente. Era o aniversário da Lia, no fim do dia fizemos uma pequena comemoração.
Seus pais lhe presentearam com uma correntinha de prata com as iniciais de cada um. Presenteei minha amiga com uma pelúcia de coração.
Cantamos parabéns para Lia com muita alegria, todos sorrimos e divertimos. Lia estava muito feliz todos estávamos, foi um aniversario para ficar na memória. Foi uma noite muito divertida, despedi de todos e voltei pra casa. Nem passava na minha cabeça que aquela seria a última vez que veria Teca e Fofo.
No outro dia, não me lembro bem o horário que aconteceu. Liguei a televisão e a mesma notícia passava em todos os canais.
"WORLD TRADE CENTER SOFRE ATAQUE NA MANHÃ DO DIA 11 DE SETEMBRO"
Pensei na Lia no mesmo momento. Liguei para ela e caiu na caixa postal. Pedi papai para me levar na casa dela, mas me lembrei que ela estava na aula de saxofone, ela entrou havia cinco dias. Esperamos ela sair da aula. Eu estava parada na porta esperando. Curiosa perguntou.
– Onde estão meus pais? Era para meu pai estar aqui.
– Precisamos ir para o trabalho de seus pais agora. – Papai falou meio preocupado.
Não conseguimos nem chegar perto do local, tinha muita poeira e agitação. Os bombeiros estavam a todo vapor, pessoas gritando e feridas. Corpos cobertos por algum pano parecido com alumínio e muito choro.
Preocupado, papai nos levou pra casa. Lia estava em estado de nervos, não conseguia parar quieta em lugar nenhum. Horas depois veio a notícia de algumas vítimas do atentado, os dois últimos citados foram Stefany Kell e Timothy Stom. Eles foram uns dos primeiros encontrados.
Lia começou a chorar, não consegui controlar suas lágrimas com meu abraço. Aquela noite ela dormiu na nossa casa.
Depois da morte da Sophia, aquele foi o pior adeus que já dei. Eu os amava muito, Lia chorou tanto que seus olhos se incharam rápido.
No dia do sepultamento, não foi possível abrir os caixões. Lia tinha um mordomo chamado Luciano que cuidou dela até os quinze anos. A morte deles ficou marcado em nossas mentes e corações, principalmente nos de Lia. Ficamos mais próximas depois da tragédia, pois ela vinha dormir em nossa casa com frequência, mas parou de vir passado alguns meses da tragédia. Ela dizia que não queria nos incomodar.
O atentado de 11 de setembro de 2001 ficou marcado na história da Lia e do mundo inteiro.
11 ANOS DEPOIS
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ANGEL
RomanceO amor de uma mãe é mais forte do que qualquer coisa no mundo A esperança é forte e ela foi a única que se manteve viva durante 19 anos O amor, pode ser doloroso