Capítulo 25

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2012

Dora completou vinte anos e se tornou uma linda mulher, cabelo curto e loiros, pele clara, olhos azuis e muito vaidosa. Cresceu e ficou igual a seus pais orgulhosa e convencida. Não adiantou muito Bianca a aconselhar, tudo o que ela ouviu foi jogado no esquecimento de seus pensamentos, foi como se ela nunca tivesse ouvido nada a respeito de igualdade. Karoline um dia a pegou falando sobre os bons costumes e como ela deveria respeitar as pessoas, com isso ela a despediu admitindo que ela era uma má influência para sua filha.

Quanto mais o tempo passava, mais Diego e Karoline exigia de sua filha perfeição e isso a deixou revoltada.

Aos quinze anos Dora tentou se suicidar, ela bebeu duas cartelas de remédios de pressão de sua avó que a visitava na semana, a tentativa quase ceifou sua vida. O processo de desintoxicação foi demorado, ela ficou semanas no hospital e quando acordou começou a chorar. Sua mãe segurou sua mão e perguntou com voz suave.

– Por que está chorando meu amor?

– Porque eu voltei pra esse inferno que chamo de vida.

Para Karoline, a filha só estava fazendo drama e não deu ouvidos para o que foi dito. Na cabeça dela, Dora estava ansiosa para voltar a rotina e sua vida normal, sendo que, na verdade, Dora queria acabar com seu sofrimento.

Um dia, quando chegou da companhia, Dora passou por seu pai sem dizer "oi", isso o deixou um pouco zangado, mas deixou passar. Para puxar assunto perguntou.

– Filha você se destacou hoje na companhia? – Diego fala sentado em sua poltrona lendo um livro sobre gestão financeira.

– Não é da sua conta. – Dora passa por ele nem ligando que estava ali.

– MENINA! – Ele grita. – Olha o jeito que fala comigo. – Ele fica irritado.

– Falo como quiser. – Dora o encara. – Posso te tratar do mesmo jeito que me tratou durante todos esses anos. Se me tratar mal eu faço o mesmo, se me encher o saco encho o seu. Tenho mais que fazer, velho inútil. – Dá as costas e sai andando.

– Filha. – Diego a chama sem entender o porquê ela estava daquele jeito, sem resposta ele vai até o quarto dela para conversar. – Por que está me tratando assim?

– Por quê? – Ela ri. – Passei a vida inteira sendo tratada como lixo dentro dessa casa, só estou devolvendo o favor D-I-E-G-O. – Ela soletra o nome dele igual ele fez uma vez com ela.

– Por que não me chama de pai? Porque...

– Se veio até aqui fazer perguntas, por favor, cai fora. – Dora o interrompe colocando suas sapatilhas. – Tenho que treinar até o jantar.

Aquelas palavras foram até Diego como facas, ele percebeu que durante os anos veio fazendo aquilo com sua filha e agora não tinha como consertar nada; a personalidade dela agora foi a que ele forçava quanto era criança. Abaixou sua cabeça, voltou para seu quarto calado e com vergonha do que fizera com a filha. Karoline sem entender nada perguntou porque ele estava daquele jeito.

– O que fizemos com nossa filha? – Diego a pergunta com a voz cheio de amargura.

– Como assim? – Karoline sentou-se perto dele e envolveu o com seu braço.

– Ela virou um... um monstro. – Ele fala antes de começar a chorar. – E a culpa dela estar assim é nossa...

– A culpa e destes empregados que não faz seu serviço direito, a culpa não é....

– Pare com isso Karol. – Diego a interrompe fitando-a. – É por essas atitudes que tivemos, que ela se transformou nisto. Agora que é tarde fui perceber o quanto errei com ela, com aquelas pressões bestas que fiz.

Daquele dia em diante os pais de Dora tentaram fazer diferente, mas já era tarde, pois a personalidade se tornou fria e dura como a pedra. Ela se prendia e não deixava ninguém entrar.

Eles estavam tão ocupados em ter uma filha perfeita que se esqueceram que o importante era o amor, o carinho e a atenção que ela estava precisando.

Dora era uma mulher arrogante como a mãe e áspera como o pai, mas ela escondia o que queria; um grande amor que ela nunca sentira em toda a sua vida.

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