LADY
Esperei alguns dias para ir à casa da Marta para agradecer por toda a ajuda que estava me dando, meu filho não foi porque queria ficar com o pai.
Toquei a campainha. Um dos seguranças me atendeu, abriu o portão e parei o carro perto da porta da casa. Ao entrar, senti que o "clima" não estava muito bom. Marta estava sentada em frente ao piano tocando uma música triste. Me sentei ao seu lado e perguntei.
– Marta, o que aconteceu?
Em meio a lágrimas de sofrimento ela me abraçou entristecida, senti a tristeza dela. Respondeu ainda de cabeça baixa.
– Sequestraram minha filhinha, mas não pediram resgate.
Abracei Marta um pouco apertado e ela chorou ainda mais. Eu não fazia ideia de qual a dor que ela sentia naquele momento, tudo o que eu poderia fazer é dar meu apoio como amiga. Queria saber quem foi o ser humano nojento que tirou dos braços de uma mãe uma menina tão pequena e indefesa.
Fiquei na casa dela até as quatro da tarde e depois voltei para a minha. Contei para meu marido o que havia acontecido e ele também se chateou.
De noite, Charlie estava sentado na sala jogando xadrez com Kenner, ele sempre gostou. Aquele dia depois de terminarem tive uma conversa com ele.
– Querido, preciso falar uma coisa. Meu bem, você sabe tocar piano muito bem e queremos te fazer um pedido... ajuda a mamãe e o papai construir a escola de dança?
– Ajudo, talvez alguém goste de me ver tocando.
– Querido, dona Marta te deu o piano de presente para isso, para tocar em ocasiões especiais.
– Por mim tudo bem mamãe, mas quero panqueca e sorvete com chocolate todo fim de semana.
Kenner pegou Charlie no colo com um abraço, rodou até ficar tonto e depois de se recompor falou.
– Pode pedir qualquer coisa meu filhão, te amamos.
– Também amo vocês, amo um tantão assim. – Abriu os braços até onde conseguiu.
Abraçamos nosso filho com amor, ele era um amor de menino. Compreensivo, carinhoso, fofo, bonito e muito engraçado.
Na mesma noite, estávamos assistindo ao filme PINÓQUIO de 1940. Charlie começou a dançar no meio da sala ao som da música WHEN YOU WISH UPON A STAR que passava no início do filme. Para acompanhá-lo, nos abraçamos e dançamos devagar. Charlie era apaixonado com dança e músicas. Também amava filmes da Disney, um dos seus favoritos era O CÃO E A RAPOSA de 1981.
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ANGEL
RomanceO amor de uma mãe é mais forte do que qualquer coisa no mundo A esperança é forte e ela foi a única que se manteve viva durante 19 anos O amor, pode ser doloroso