Hoje fiquei deitada até mais tarde. Me enrolei nas cobertas, sentindo a brisa fresca que entrava pela janela entreaberta, esquecida assim na noite anterior.
Meu pai e minha mãe foram buscar minha irmã mais velha no aeroporto, que acabara de chegar de um intercâmbio de dois anos. E imagina só, a bonita me volta noiva, de um médico recém formado, muito bonito por sinal. Nestes dois anos, só a vi por chamadas de vídeo, pois tive que cuidar dos trabalhos na empresa dos meus pais, pelas três vezes que foram para Londres visitar Helena. No fundo sentia inveja da mulher independente que Helena era.
Ela se formou na faculdade aos 24 e correu atrás de mais conhecimento. Era linda, inteligente, ganhava bem.
Minha mãe ficava um pouco desgostosa, por ela não querer seguir o plano de carreira que meus pais designaram para ela: a indústria deles. Mas ficava feliz com suas conquistas.
Nossa mãe sempre foi superprotetora, nos ensinou a ter muito cuidado, principalmente com homens. Nosso pai era o espelho dela, que o governava por completo, mas era tão misericordioso quanto ela no quesito companhias.
Há dois anos atrás Helena se inscreveu num projeto de intercâmbio, e foi embora para Londres. Sentia uma baita saudade dela, pois era minha companhia e minha melhor amiga, ainda mais quando precisava desabafar sobre homens. Conversava muito com minha mãe também, mas com Helena era diferente, com ela podia falar do que quisesse, sem pudor ou medo de julgamentos.
Helena iria dividir apartamento com uma menina, uma tal de Raquel, bem doidinha por sinal, e não sei qual foi o motivo, trocaram minha irmã de quarto. Ou seja lá o que foi que aconteceu.
Ela me contando parecia coisa do destino.
_ Ayla do céu! Acredita que a menina que ia dividir comigo sumiu? _ Conta me uma Helena super histérica .
_Quê? Mas como assim, sumiu._Pergunto começando me preocupar com ela lá sozinha, apesar de tudo, ficar sozinha num país que você não conhece nada, é um pouco desagradável.
_Sim sumiu!. Mas a agência me realocou e ficará até mais perto do meu curso. Mas tem um problema..._ Diz Helena.
_Humm _ Digo enfiando na minha boca um pãozinho doce de café da manhã._ Qual?_ Pergunto.
_Vou dividir com um garoto.
_ E o que tem de mais nisso? _Pergunto._Você não é a Helena controladora de situações embaraçosas? _Dou uma risada daquelas, quase cuspindo metade do que tinha na boca.
_ É eu sei. kkkkk _ Helena ri. _ A noitinha te conto, aí já será mais tarde, por conta do fuso horário, mas se estiver disposta a saber como ele é, me chama.
_ Tomara que seja um baita gostoso._ Digo. _ E que você trepe com ele por dois anos inteiros.
_Ayla!!!! _ Repreende Helena rindo._ kkkkk.
_ Como se você não quisesse!!_ Digo. _ Você é muito ranzinza. Tem que se soltar mais, não é o que vive me dizendo?
_ Tá bom! Vou trepar com meu colega de quarto kkkkk! Vou nessa, depois a gente se fala. _ Se despede.
_Aguardo você com notícias quentes. _ Falo tirando mais um sarro da sua cara ._Até mais.O dia correu normal para mim, tínhamos uma empresa de distribuição de medicamentos, fui trabalhar, teimei com meu pai sobre o final da copa do mundo, irritei o caminhoneiro que vem coletar mercadoria, fiz relatórios de vendas, pilhas de notas e contas, e uns sete representantes para atender junto com minha mãe. Tinha um deles que eu adorava, o Sr. Jaime.
_ Oi menina, como vai?_ Pergunta um senhor sorridente.
_ Olá seu Jaime, o Sr. vai bem? _Falo também sorrindo.
_ Menina, menina.. você poderia ser minha nora, iria gostar muito de ter uma moça tão adorável na família._Corteja seu Jaime.
_Assim o senhor me deixa envergonhada. Mas obrigada, por hoje estou dispensando maridos. _ Repreendo-o.
_ Quando você conhecer o meu Lucas, você mudará de ideia. _ Falando em mudar de ideia, sua mãe preparou o preview que pedi?
_Que prev... Meu Deus!!! Que susto, achei que ela não tinha feito.
_ Você pensa que me tornei uma irresponsável do dia para noite minha filha?._ Entra minha mãe em cena, com uma xícara de café quente nas mãos, cumprimenta seu Jaime calorosamente e o convida. _ Vamos ao meu escritório e deixe os galanteios com seu filho, Lucas.Todo mundo me falava desse Lucas. Hoje até esqueceram dele um pouco, já que eu tinha me envolvido com outro garoto, mas mesmo assim não esquecia do meu amor platônico de adolescência, um menino lindo que eu queria dançar no baile de máscaras do casamento de uma conhecida, depois de ver ele aquela vez, não sei o porquê vivia fantasiando encontrá lo, aí nunca senti atração pelos meninos, até minha irmã dizer que eu era careta demais, ah e ela não sabia dessa paixonite boba que eu tinha, bem e desse Lucas, lembro de um moleque encapetado, que furou uma bola lilás que eu tinha, e deu cerveja pro meu cachorro quando éramos pequenos, mas impossível ser o mesmo Lucas. Bom, pelo menos era o único Lucas, que eu conhecia. E não tinha vontade nenhuma de reencontrar.
Eu era muito seleta em relação a rapazes. Minha família era tudo pra mim, e não poderia manchar a reputação dela me envolvendo com qualquer cara. Mas já me senti atraída por uns tipos não muito compatíveis, se é que posso usar este termo.
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INCANDESCENTE®
RomansaEm memória de Juliana Fronza - Professora de língua portuguesa. ●1°lugar no ranking por 80 dias consecutivos! ✓Eleita melhor história de sentimento dentre 24.7 mil histórias ✓Prêmio cexpo2021 categoria Melhor Roteiro ✓ Prêmio cinemateca SP _ Melhor...