Aos poucos a sala de espera foi se enchendo, a todo momento chegavam pessoas da igreja, amigos, todos preocupados com aquela situação desastrosa. Pareciam meio atordoados como se não soubessem como agir, a verdade é que ninguém sabia. Eles tentavam ser otimista, me passar à ideia que tudo sairia bem, mas não tinha como saber, e a sensação de que poderia perder meus pais estava acabando comigo, de dentro para fora.
Suspirei levantando. Precisava de um momento a sós;
- Onde está indo? - Sarah quis saber.
- Na capela.
- Quer que eu vá com você?
Meneei a cabeça.
- Preciso de um momento sozinho. - Disse seguindo em direção à capela, precisava orar, era isso que precisava fazer, quando havia chegado não tinha força para nada, mas agora eu sabia que poderia orar e sabia dentro de mim que Deus me ouviria.
A capela estava vazia o que era bem propicio, ajoelhei-me perto de uns dos bancos fechando os olhos, e como se as lagrimas estivessem esperando o momento certo para vim, elas cobriram o meu rosto, como a água em dias chuvosos.
- Senhor... Eu sei que o Senhor é dono da vida e pode levá-los para Ti quando desejares, porque o Senhor é Deus e domina sobre tudo, mas Senhor, não estou preparado para dizer adeus aos meus pais, então, por favor, não os leve agora, permita que fiquem por mais um tempo, não porque eu mereça, mas porque... Preciso dos meus pais, eu preciso dos meus pais...
- Ben... - Uma voz conhecida me chamou a atenção.
Abri os olhos para ver Naum ao meu lado.
- Naum... - Falei levantando e o abraçando.
- Vamos interceder juntos. - Ele me sussurrou. - Vamos intercede por nossos pais juntos.
🔸
Voltamos para a sala de espera assim que nos sentimos melhor. A verdade é que o fato de Naum estar ali tornava a situação suportável, era reconfortante saber e sentir que eu não estava só. É claro que tinha minha família e meus amigos, mas só alguém naquele lugar que entendia com profundidade o que se passava comigo e este era Naum... Enquanto caminhávamos pelos corredores uma lembrança de minha infância percorreu meu pensamentos. Eu deveria ter seis a sete anos, havia caído na entrada de casa, e desmentido o pé, a dor havia sido lancinante e me fizera gritar. A primeira a me encontrar foi mamãe...
- Estar tudo bem querido?
- Acho que quebrei meu pé.
Sentia muita dor. Parecia que iria morrer de tanto dor.
- Não se preocupe, eu irei cuidar de você. - Mamãe tocou meu pé com cuidado, e sem aviso ela o colocou no lugar.
Eu chorei como um bebê em seu colo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ANTES DE PARTIR
RomanceLivro 02 de Quando Alguém que você ama morre. "Você já conhece essa história, mas não com esses detalhes" ~~ Romance Evangélico. Benjamin Marinho Quessy, tinha muitos arrependimentos na vida... Como no dia em que não obedeceu a mãe e acabou caindo...