Sandra
— Eu não posso acreditar que realmente estejam indo. — Sandra choramingou quando contamos a noticia de nossa partida.— Será por apenas alguns meses, apenas. — Afirmei.
— Mas e se vocês gostarem de lá, e se não quiserem mais voltar?
— Continuaremos a ser amigos querida. — Lucas a abraçou. — Poderemos visitá-los e eles também.
Ela fez uma careta triste.
— Sandra você sabe que não importa a distancia a amizade e o carinho que sinto por você vai continuar. — Naum falou segurando suas mãos.
— Vocês vão ficar bem? — ela fitou a nós dois.
— Vamos cuidar um do outro. — Disse com carinho. — E quanto a vocês façam o mesmo...
🔸
A mudança não demorou muito, assim que nos despedimos dos amigos e mais próximos, e terminamos de empacotar tudo acabamos por nos mudar para Santos. Era uma cidade bonita, mas ainda assim era estranho, nunca havia mudado de casa ou de cidade antes, e agora fizera os dois de uma vez. A casa de tio Elias era maior que a nossa, não monstruosamente grande, mas também não era pequena, de modo que tia Debora havia providenciado um quarto para mim e para Naum. Eles estavam fazendo de tudo para que nos sentíssemos o mais confortável possível e se empenhavam bastante nisto, era obvio que não queriam que voltássemos. Quanto a mim ainda não sabia bem o que fazer, embora me sentisse acolhido, não me sentia em casa, não era como se pertencesse a esse lugar, eu gostava muito de estar com eles, mas sentia falta da minha casa, sentia falta do meus pais.
— Ben, estar se escondendo novamente? — Naum falou entrando no quarto junto com Sarah.
— É o que geralmente você tem feito. — Sarah sorriu gentilmente quando sentou ao meu lado.
— Todos já foram embora? — quis saber.
— Sim, todos. — Ela respondeu.
— Perguntaram com frequência por meu irmão mais novo que faz seminário, estão ansiosos para te conhecer.
Fiz uma careta, tínhamos chegado a pouco mais de dois dias e sempre havia visitas em casa, pessoas da igreja eufóricas por nos conhecer, e embora eu não fosse antissocial, no momento não queria conhecer ninguém, então sempre que podia me escondia no quarto.
— Nem sempre é assim. — Sarah falou. — Só estão empolgados com a chegada de vocês, assim que se acostumarem às coisas irão melhorar.
Suspirei. Assim eu esperava.
🔸
— Quando você dobrar a direita e seguir pelo corredor chegara a ultima sala, a de palestra. Tem certeza que consegue ir sozinho? — Sarah me olhou de forma interrogatória.
Assenti. Ela já havia feito muito por mim ao dá a carona, e agora estava atrasada para a aula, eu não iria atrapalha-la mais.
— Não se preocupe, ficarei bem.
— Logo depois da palestra nos encontramos no estacionamento, estarei esperando por você. Tente não se perder. — Ela disse com um sorriso ao se afastar.
— Tentarei.
Dei um pequeno suspiro tirando o mapa da bolsa e dobrando o corredor que ele indicava. Embora eu não fosse fazer o curso na mesma faculdade que Sarah, hoje uma palestra seria nela, o que era bem propicio já que sairíamos depois. Notei algo diferente em mim assim que peguei o mapa, não estava com meu bracelete. Abri a bolsa mais uma vez para encontrá-lo. Havíamos saído tão às pressas de casa que não tivera tempo de colocá-lo... Foi neste momento que algo bem inusitado aconteceu, eu vi a mesma moça que havia visto no congresso.
Suzana caminhava por entre as pessoas vindo em minha direção pelo corredor, estava tão distraída falando ao celular que nem parecia notar que à medida que desfilava pelo corredor muitos olhares se voltavam para ela boquiabertos, não poderia culpa-los, eu mesmo estava boquiaberto. Ela pareceu trombar em um rapaz e balbuciou qualquer coisa para ele, talvez um pedido de desculpa e continuou a caminhar, ele por sua vez parou para olha-la e ficou estático, depois de alguns segundos tentou alcançá-la, talvez fosse dá em cima dela, era o desejo da maioria que estavam ali.
Eu deveria salvá-la. Sim, era a coisa certa a se fazer, já que ela era a melhor amiga de minha prima. Antes que o rapaz a alcançasse eu me coloquei em sua frente, e ela parecia tão distraída olhando o celular que foi mais fácil do que pensei. Ela trombou em mim, fazendo com que todos os objetos que estavam em minha mão e na sua caíssem no chão.
— Desculpe. — Falei logo em seguida olhando para o rapaz que a seguia, ele havia parado e olhava para nós de forma curiosa, com certeza se culpando por não ter chegado antes.
Foi mal companheiro.
— Tudo bem. — Ela diz se abaixando para pegar os objetos que estão no chão. Eu fiz o mesmo para ajudá-la, peguei meu bracelete e quando estava preste a pegar o mapa, ela o fez na minha frente. — Hum... Acho que isto é seu. — Suzana estendeu o mapa voltando o olhar para mim. Eu já havia esquecido o quanto ela era linda, com seus olhos pretos que lutavam para chamar atenção em sua pele pálida, seus cabelos eram da mesma cor que me lembravam, amarelos como o sol... Linda de todas as formas.
Suzana me olhou de forma curiosa, como se estivesse me analisando. Eu sorri, esperando que ela me reconhecesse, embora já fizesse muito tempo, talvez ela lembrasse. Mas notei que ela não lembrou.
— Você estar bem? — perguntei.
Suzana voltou o olhar para o mapa.
— Hum... Você estar procurando a sala de palestra.
Assenti.
— É um pouco difícil de encontrar.
— Vá ate o fim do corredor. — Ela mostrou com a mão a ultima sala, nesse momento eu percebi que não havia aliança, nem anel de noivado. Seria possível que ela não estivesse casada? Ou talvez apenas houvesse esquecido de coloca-la hoje, talvez fosse um daqueles dias atordoados para ela... Mas se a primeira opção fosse a certa, isso seria bom, seria mais que bom ótimo. — É a ultima sala.
— Obrigada. — Disse sorrindo para ela e seguindo meu caminho. Aquela manhã estava sendo muito mais interessante do que eu achei que seria. Só quando fui colocar o bracelete notei que aquele não poderia ser o meu. Havia o nome, Suzana. Eu olhei ao lado para ver se era uma imitação, mas havia a assinatura da Avery. Então este era o Suzana.
— Talvez um dia você encontre o Suzana por aí.
— Talvez...
Olha só quem apareceu.
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ANTES DE PARTIR
RomanceLivro 02 de Quando Alguém que você ama morre. "Você já conhece essa história, mas não com esses detalhes" ~~ Romance Evangélico. Benjamin Marinho Quessy, tinha muitos arrependimentos na vida... Como no dia em que não obedeceu a mãe e acabou caindo...