Capítulo 28

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Inquieto na cama durante toda a madrugada, Renan despertou de sobressalto do leve cochilo que o venceu por alguns instantes.

Ao se certificar das horas, levantou-se em busca da fonte do ruído que o acordou, logo percebendo que vinha da suíte de Nicole.

Ao voltar do treino da noite anterior, Renan verificou que ela não havia estado em casa, e então retirou-se ao seu quarto, após ter devorado um lanche rápido para tapear a fome.

"Na certa, Nick chegou tarde de alguma farra, entrou sorrateira e agora não consegue pegar no sono também", intuiu Renan, disposto a aplicar um sermão na irmã, em meio àqueles gemidos persistentes.

Entretanto, o rapaz estacou ao presenciar, pela fresta da porta entreaberta, a cena que se sucedia do outro lado.

— O que está acontecendo aqui?

— O óbvio, maninho — respondia Nicole, seminua, sem se abalar ao urro de Renan quando este escancarou a porta.

Com o susto do flagrante, Hugo se desvencilhara dos braços e pernas enroscados da moça e agora se encontrava prostrado em pé do lado da cama, usando as mãos para tapar as partes íntimas como podia.

— Po-po-posso ex-expli-explicar, Re-Renan.

Nicole mal conseguia conter o riso, ao notar que seu affair gaguejava como nunca, sendo repreendida com o olhar fulminante do irmão.

— Não piore a situação, Hugo. Melhor ir para sua casa e descansar para a partida de logo mais. Antes que seu pai te descubra aqui e faça um escândalo na nossa porta.

Hugo cogitou replicar Renan. Senhor Peralta jamais faria um escândalo próximo a ano eleitoral. Ainda mais em nome do filho que só acolheu por conta da parcela mais sensível do seu eleitorado. Não. O rapaz preferiu se calar, limitando-se a pegar suas roupas estiradas no chão.

— Co-com licença.

— Ah, gato...Não fica assim! Depois do jogo de hoje, podemos terminar de onde paramos — Nicole deu uma piscadela para Hugo, que não retribuiu o gesto e saiu do recinto.

— Agora chegou a nossa vez de conversarmos, mocinha. Mas, primeiro, trate de se vestir adequadamente — Renan assinalou, após ter se certificado de que estava a sós com a irmã.

Nicole expirou um longo suspiro, enquanto se cobria com a camisola que havia largado sobre a mesa de cabeceira no momento mais ardente com o Hugo, minutos antes.

— Ah, o que é um pecado mortal para quem já está condenada mesmo...Despeja logo, maninho.

— Não sou esgoto. Queria entender o que está se passando nesta cabeça. Dias desses, estava se insinuando para o Eduardo. Agora, te flagro aos amassos com Hugo.

— Que tem? Estamos no século XXI. As mulheres já conseguiram a emancipação, sabia? Já sei! Você faltou a esta aula lá no Céu.

Entre o Céu, a Terra e o InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora