Capítulo 30

1 0 0
                                    

Lançado ao alto pelos companheiros de equipe, enquanto os torcedores do Sideral presentes no estádio o ovacionavam, Renan refletia sobre o fato de que a celebração pela vitória nos campos astrais e nos campos humanos guardavam uma extraordinária semelhança entre si. Mais do que ele supunha até então.

O mais emocionado do grupo de atletas era Arturo. Fazia sentido, pensava Renan. Afinal, sua defesa no lance decisivo da partida, segundos antes do apito final do árbitro, havia deixado a falha do colega em segundo plano.

— Vem cá, meu herói! — Rubão vibrava, em meio a um abraço apertado em Renan.

O homem que acompanhava o técnico do Sideral abordou o rapaz:

— Se estiver interessado em seguir carreira profissional, basta me procurar.

Marcel Lavierre. Era o nome estampado no cartão que o sujeito de forte sotaque francês passou para Renan enquanto o cumprimentara com um efusivo aperto de mão.

Após minutos de euforia entre os atletas da equipe, os ânimos se arrefeciam.

Jordana viu ali a oportunidade de se aproximar, enfim, do namorado. Todavia, o beijo que dera nela agora era menos intenso do que o de horas atrás, encerrando-se em meio a um abraço frouxo.

— Os rapazes estão combinando de comemorarmos o título lá no Nautilus'. Topa ir conosco, Jordie?

— Sua irmã nos convidou para a matinê numa casa de shows aqui perto.

— Matinê? No início da noite? — Renan coçava o queixo, ao mesmo tempo em que lançava um olhar enviesado a Nicole, que estava a meia-distância do casal.

— Ah, não se preocupe! É apenas uma balada destinada a menores. Sem bebidas alcoólicas. Seria mais para curtir a pista de dança.

— Hum...Sei. Quer que vá contigo?

— Negativo, mocinho. Curta o momento de glória com a galera. Você merece.

Com o sabor amargo da indiferença ainda nos lábios, a moça aos poucos foi se afastando daquele que havia arrebatado seu coração e agora parecia estar prestes a despedaçá-lo.

Ao lado de Nicole e Eduardo, Carla observava os músculos na face de Saletti se contraírem. O olhar de sua colega mirava Laerte Nolasco, dono do blog de fofocas mais popular do colégio.

— Alô, amiga? — A voz de Eduardo a tirou do transe — Vamos lá felicitar o Renan.

Nicole se antecipou aos amigos, já segredando com o irmão:

— Você usou seus poderes naquela defesa?

— Pedi um upgrade de corpo ao Damabiah. Uma compensação pela miopia — Renan cochichava, em resposta à irmã.

Assim que Nicole deu passagem, foi a vez de Eduardo saudar o colega:

— Que ponte sensacional, cara! A batida do Heitor foi lá no ângulo.

Renan retribuiu o elogio com um sorriso, antes de anunciar:

— E eu pensando que precisasse me formar em engenharia para fazer uma ponte.

O semblante do novo herói do Excelso mudou com a abordagem de Carla.

— Parabéns, Renan. Deu uma lição naqueles babacas do Cosmos.

— Obrigado, parceira. Novidades na nossa investigação?

A moça chegou mais perto de Renan, tendo o cuidado de tapar a boca com uma das mãos, como se a despistar quem pudesse ler seus lábios naquele momento.

Entre o Céu, a Terra e o InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora