Capítulo 11

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Já havia se passado uma semana desde que Ana Clara e eu havíamos nos reencontrado. Nesse espaço de tempo, acabei adquirindo um celular e, entre os tantos aplicativos que já constavam no aparelho, acabei baixando o tal do WhatsApp.

Sendo bem sincera, cheguei a achar que seria um bicho de sete cabeças lidar com aquilo. Ao mesmo tempo, eu não era nenhuma daquelas senhoras perdidas com tecnologia que mal sabiam manusear os antigos aparelhos de videocassete.

Entretanto, não bastava ter apenas o celular, era necessário ter algum ponto de sinal de internet em casa. Devo lembrar que estou ocupando o apartamento que era do nonno, logo, aqui não tinha internet, tampouco um computador, que também era preciso. Felizmente, acabei pegando um bom plano para o meu aparelho, de modo que dava para usar os tais dos aplicativos sem grandes problemas.

— Os dados móveis do seu celular são limitados de acordo com o plano que você escolheu — era Clara me explicando.

Basicamente, ela e Edgar eram os meus únicos contatos. O bom é que, de certo modo, me sentia mais próxima da minha amiga recém achada e do detetive – que estava lindo de terno naquela foto de perfil.

Ana Clara e eu conversávamos com frequência por meio do dito aplicativo. Ríamos, contávamos babados das nossas vidas uma para a outra, falávamos de Flávia – que ainda não tinha sido encontrada pelo investigador –, entre outros assuntos.

Clara: Você usa muito emoji Beatriz kkkkkkkkk

Essa era a forma como os textos chegavam para mim e também como eu enviava para quem estivesse conversando. E era verdade: achava fofinhas aquelas figurinhas de carinhas. Por outro lado, não compreendia muito bem algumas abreviações. Não que minha amiga ou o detetive usassem frequentemente, mas ainda assim foi um pouco difícil entender algumas.

Clara: Vamos sair nesse fds?

Que diacho era fds? Foi isso que perguntei e ela:

Clara: Kkkkkkkk é fim de semana.

Mandei um emoji expressando minha indignação com aquela abreviatura infeliz. Outra coisa: esses "kkkkk" também não entravam na minha cabeça inicialmente, porém acabei pegando a mania até que rápido.

Até que tentei que minha mãe aderisse de vez a moda do WhatsApp, sem sucesso. Dona Maria das Dores era muito arisca quando o assunto era tecnologia. O restante dos moradores do prédio nem se falava: tudo gente muito mais velha que eu, portanto, não se importavam, aliás, nem precisavam daquele tipo de coisa que eu estava usando.

Um dia, estava almoçando com mamãe no meu apartamento. Ali, toquei no assunto do reencontro com a Clara. Ela, animada, logo indagou:

— Por que não convida ela para almoçar aqui um dia? Aliás, por que já não convidou?

Dona Dorinha não me decepcionava nunca com seu jeito prestativo e com a mesma consideração que, aparentemente, ainda nutria pelas meninas.

— É claro que quero convidá-la para passarmos o dia e, quem sabe, até a noite aqui — respondi. — Só que quero encontrar a Flávia primeiro e fazer esse convite às duas. Não é que eu ame mais uma em detrimento da outra, mas me sentiria muito incompleta na companhia de apenas uma delas.

Ela anuiu. A essas alturas, já havia lhe contado sobre os serviços que pedi ao Edgar, que culminou em um primeiro encontro com Ana Clara. Óbvio que omiti que estava praticamente flertando com o detetive, pois tinha um pouco de vergonha de falar sobre certos assuntos com minha própria mãe. Mais do que isso: não pensava muito nele, porém a figura e a lembrança dele às vezes ficavam na minha mente e aqui não estou me referindo ao Edgar... Como será que ele estaria hoje?

É pela amizade ou... A história das paulistANAsOnde histórias criam vida. Descubra agora