Capítulo 05

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Ele estava ali, sentado no sofá de sua casa, vestido todo de branco e com a velha postura imponente e simpática ao mesmo tempo. Minha voz saiu alterada assim que o vi:

— Nonno!

Ele apenas fez um movimento com a cabeça, direcionando o olhar para mim.

— Anna Beatrice!  respondeu emanando serenidade.

Mesmo estando perto, corri e o abracei, gesto esse que ele retribuiu.

— Eu te amo, vovô. O senhor não deveria ter partido tão cedo...

— As pessoas que amamos são eternas, mia nipotina. Io sempre estarei contigo, com a sua mama e com quem mais lhes fizer bem.

— Nós não nos despedimos um do outro... — lamentei.

— Io estava sofrendo muito sem você de corpo presente conosco.

Abaixei a cabeça, mas vovô tratou logo de levantá-la, fazendo com que eu o encarasse.

— No fique triste, Anna. Tive una buona vita, tive un figlio muito amado, una nora dedicada, que foi como una figlia também, e tive você, melhor nipotina no poderia ter tido.

Já estava rendida às lágrimas com aquela declaração dele. Porém, o tom de sua voz mudou de sereno para algo mais sério:

— Você tem una missão!

Minha expressão era de dúvida. Ele prosseguiu:

— Você tem que voltar a manter por perto todos aqueles a quem você ama. A vita pode ser injusta e fazer com que nos afastemos de quem noi amamos, ma você tem que se reaproximar dessas pessoas.

— Que pessoas? Como farei isso, nonno? — indaguei confusa.

— Você saberá o que fazer, Anna. E lembre-se, estarei sempre contigo.

De repente, parecia que o apartamento estava se desintegrando, ao passo que a figura de meu avô ia sumindo aos poucos. Tentei gritar, pedir alguma ajuda, mas era inútil tudo o que eu fazia.

Acordei quando estava caindo da cama até bater de bunda no chão. Sufoquei um gemido de dor.

"Tudo o que menos preciso agora é de um novo coma na minha vida..." — Pensei com certa maldade.

Olhei para os pequenos feixes de luz que invadiam o quarto e notei que já havia amanhecido. De súbito, a lembrança daquele sonho veio à tona na minha mente.

— Era só um sonho... — suspirei.

No entanto, aquela frase do nonno, pouco antes de ele sumir, não saía da minha cabeça. O que ele queria dizer com eu ter que me reaproximar de quem eu amo?

Não pude pensar por muito tempo sobre isso. Ouvi batidas na porta – só poderia ser mamãe. Dito e feito: era a própria e estava me convidando para o café da manhã no apartamento 22.

 Dito e feito: era a própria e estava me convidando para o café da manhã no apartamento 22

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É pela amizade ou... A história das paulistANAsOnde histórias criam vida. Descubra agora