É pela amizade ou... A história das paulistANAs

Capítulo 48

Ana Beatriz

Mais uma vez, estava eu sozinha naquela salinha situada na casa do homem que, um dia, desgraçou as vidas das minhas melhores amigas. Também era relevante citar a figura de Raquel, como mais uma vítima daquele ser humano sórdido e que saiu rápida e ansiosamente do cômodo, assim que descobrimos aquele fatídico vídeo por aqui. Apesar do contexto louco, ela e Flávia precisavam de uma boa conversa...

Confesso que, enquanto esperava, minutos antes, o destravamento do sistema operacional, averiguei uma coisa ou outra fora daquele local pequeno. Quase nada me interessou. O que julguei como útil usei naquele computador para se gerar mais provas contra o professor aliciador.

Tudo parecia estar se direcionando para um caminho certo, uma luz. De repente, uma alegria se apoderou de mim. Quem sabe, após tudo isso acabar, Clara poderia voltar a sorrir e até encontrar alguém que a amasse de verdade. Quem sabe o mesmo não ocorresse com Flávia, embora eu já saiba quem talvez seja a sua cara metade... Quem sabe Isabela passe uma borracha nessa história toda. E quem sabe Edgar e eu poderíamos ser felizes... Juntos!

Um sorriso bobo e apaixonado se fez em minha face ao me recordar daquele beijo mágico que demos em plena Estação da Luz. Arrisco em dizer que as forças da amizade, por parte das meninas (com Raquel inclusa), e do amor, promovido por Edgar, me deram um gás para encarar a situação na qual todos nós nos encontrávamos. Aquele temorzinho que se apossara de mim horas mais cedo ficou tão pequeno...

E parecia que o Universo reagia aos meus sentimentos. Senti meu celular vibrar – era uma mensagem do (meu) detetive. O sorriso no meu rosto se alargou.

Edgar: Beatriz, vcs tão bem?

Beatriz: Tá tudo certo.

Edgar: Ainda tão na casa do bandido?

Beatriz: Sim. Pq?

Ele nada respondeu. Aquela minha alegria deu então lugar à preocupação:

Beatriz: Aconteceu alguma coisa?

Beatriz: Você tá bem?

Beatriz: E a Isabela?

Beatriz: E a Clara?

Não obtive, de novo, nenhuma resposta. Insisti:

Beatriz: Fala comigo, Edgar! Tô preocupada!

Edgar: Isabela tá aqui do meu lado.

Edgar: Estamos bem.

Beatriz: Como ela tá?

Edgar: Abalada. Passou por algo traumático...

Beatriz: Não briga com ela.

Edgar: Não vou brigar.

Edgar: Estamos chegando perto do nosso prédio.

Edgar: Terei que deixar ela aqui e ir me encontrar com vcs.

Beatriz: Você vem pra cá? Pq?

Pela terceira vez, ele ficou sem me mandar uma mensagem nova por um tempo. Algo não me cheirava bem naquela mudança brusca de planos. Como se uma luzinha iluminasse meus pensamentos, indaguei:

Beatriz: Cadê a Clara?

Beatriz: ME FALA!

E após alguns segundos, deu a sua sentença:

Edgar: Perdi ela de vista.

Edgar: Vi quando ela saiu em disparada na direção do bandido.