Capítulo 13

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— Vou passar um café para nós — disse a dona daquela casa.

Já havíamos entrado e nos acomodado, sentando-nos em um dos sofás da grande sala-de-estar.

Flávia estava tão mudada! A maneira como ela falou para a garotinha "Filha, a mamãe vai conversar com as amigas dela e você continua brincando aqui fora, tudo bem?" mostrou tanto uma doçura típica de mães (e a minha não fugia a essa regra) quanto certa autoridade. A menininha nem questionou, deu uma última olhada e voltou a se concentrar nos seus legos lá fora.

— Você quer uma ajuda? — indaguei prestativa.

Ela apenas me olhou debochada e me deu uma resposta mais debochada ainda:

— Ah claro! Vou precisar da sua grande ajuda para preparar um mísero café... — riu. — Fiquem aí, a casa é de vocês.

É... Flávia não mudou tanto assim... Estava mais alta, obviamente cresceu. Alguns traços em seu rosto denotavam que tinha mais idade – não a ponto de qualquer um apontar-lhe o dedo e dizer "Nossa! É uma anciã!" –, mas era óbvio que não teria o mesmo rostinho de uma década atrás. O cabelo estava mais curto, batendo no pescoço e a franjinha, que lhe dava aquele ar infantil antes, agora inexistia. As roupas eram de qualquer mulher comum na nossa idade: uma camiseta monocromática um pouco surrada e uma calça larga, parecia até que foi feita para dormir.

Após o coice que tomei, decidi retornar ao quintal, onde a criança brincava. Notei que Clara foi logo atrás de mim, porém ficou encostada na porta, que separava aquela parte externa da casa da sala de onde saíramos. Eu, mais cara-de-pau, fui puxando assunto com a menininha, assim que me aproximei dela:

— Oi!

— Oi! — Ela olhou para cima, deu um sorriso, simpática, e voltou a brincar.

Percebi que, mesmo concentrada naquela brincadeira, a garota não era arredia. Elevando um pouco mais o nível de cara-de-pau, agachei-me em frente a ela e perguntei:

— Vi que sua mamãe te chamou de Gabi... É Gabriela o seu nome?

Ela voltou a me encarar, parando o que estava fazendo por um momento, e respondeu:

— É sim, e o seu?

— Ana Beatriz, mas pode me chamar só de Beatriz. — Sorri.

— Você tem um nome parecido com o da minha mãe, tia!

Ah que coisa fofa! Fiquei com imensa vontade de apertar as bochechas daquele anjinho! Agora entendia porque os adultos agiam como se não tivessem cérebro quando eu era pequena...

— E você, tia, como se chama? — ela indagou, virando-se para a outra mulher parada à porta.

Tal como havia me surpreendido há alguns instantes, Clara também se impressionou frente à espontaneidade da pequena Gabriela. Ela chegou perto de nós duas e brincou:

— Adivinha! — Piscou.

A criança fez uma cara pensativa, tentando decifrar o nome da mulher. Sua resposta foi chocante:

— Rihanna!

Clara e eu nos olhamos, confusas e risonhas.

— Rihanna? Por quê? — perguntou a esteticista.

— Você é parecida com ela.

Foi a vez de Clara se segurar para não sair apertando a pobre da Gabi tamanha fofura.

— Você pode me chamar de Clara, porém meu nome é Ana Clara.

Gabi fez um gesto meio atrapalhado, colocando as duas mãos sobre as bochechas, espantada:

É pela amizade ou... A história das paulistANAsOnde histórias criam vida. Descubra agora