Dezembro de 2015
— Não acredito que estamos aqui! — disse uma das meninas.
É... Eu também não acreditava como foi fácil chegar ali.
Vamos por partes.
Tudo começou quando as garotas e eu decidimos ir a um lugar a fim de fazer algo que estava pendente.
Não era qualquer lugar... Era a escola onde estudamos...
Foi assim que, entre o final daquela manhã e início de tarde do último mês do ano, rumamos para o nosso antigo colégio.
E qual não foi a nossa surpresa ao descobrirmos quem era o diretor?
— Professor Aristides!? — exclamamos em uníssono quando o vimos.
Ele ainda era aquele homem estranhamente alto, apresentava aquele bigodão clássico e alguns fios grisalhos em seu cabelo denunciavam que a idade havia chegado. Contudo, seu semblante era menos, bem menos, carrancudo – poderia dizer que era até amigável. Ao ter nos avistado, só faltou estender um tapete vermelho.
Por isso que nem precisamos explicar muita coisa (até omitimos algumas), ele já foi nos entregando o que pedimos: uma chave. Quis nos conduzir até onde queríamos ir, porém dispensamos a sua gentileza, ao que não fez qualquer objeção. Não era para menos, pois sabíamos muito bem o caminho...
O caminho para a nossa antiga sala de aula.
As carteiras estavam distribuídas tal como antes, a lousa também era a mesma e até a velha lixeira continuava ali. Mas nada disso nos deixou extasiadas e suspirando de nostalgia. Outro motivo tinha acionado algumas de nossas mais profundas emoções...
Foi ali onde conhecemos a professora Ana Rosa.
— Ela está aí, não? — indagou Flávia.
— Sim — respondi. — Disfarçada aqui comigo.
Óbvio que não dissemos ao novo diretor as nossas verdadeiras intenções. Se ele soubesse o que pretendíamos fazer ali, era capaz de nos expulsar a uns bons pontapés.
— Foi chocantemente gentil o professor Aristides ter nos cedido a sala — afirmou Clara.
— E a palavra certa, de fato, é essa: gentil — enfatizou Ana Flávia. — Quem diria, não é mesmo?
Dei uma risadinha e disse:
— Vai ver o sonho dele era ser diretor e não professor.
Elas concordaram e seguimos com o nosso planejamento. Antes, fiz um lembrete:
— Meninas, falta a...
— Sabemos — Ana Clara me cortou —, mas ela está atrasada, infelizmente. Não temos muito tempo aqui.
Por um momento, analisei tanto ela quanto a nossa outra amiga. Nenhuma das duas esboçava algo como agressividade ou hostilidade. Só estavam preocupadas pelo fato de estarmos envolvidas em um plano ousado. Para variar...
— Tudo bem. — Anuí. — Vamos começar.
Eu carregava uma sacola, dessas bem grossas que se usava para ir à feira. Em seu interior, continham alguns sacos plásticos, que estavam ali para disfarçar o principal e real conteúdo.
Remexi em tudo aquilo até retirar o que eu queria: a urna com as cinzas de Rosa.
Um arrepio tomou conta de mim ao erguer e mostrar o objeto para as outras mulheres ali presentes. Durante alguns segundos, ninguém disse qualquer coisa. Voltei a me manifestar:
![](https://img.wattpad.com/cover/274323155-288-k833490.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
É pela amizade ou... A história das paulistANAs
RomansaMooca, São Paulo. Ana Beatriz, Ana Clara e Ana Flávia têm mais em comum do que apenas o primeiro nome, são também moradoras do mesmo prédio na capital paulista, colegas de escola na mesma turma e melhores amigas desde quase muito sempre. Infelizment...