Aviso: Capítulo com algumas insinuações de hot.
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E não é que o Universo tinha me ouvido mesmo?
Cheguei até a ir ao cômodo-escritório do meu apartamento e agradeci à professora Ana Rosa e ao nonno (esse em especial) por ter nos protegido naquela empreitada.
Tudo estava ficando bem. Fabrício foi realmente preso, preventivamente, mas preso de qualquer modo.
Como ele era professor, o caso rapidamente ganhou alguma repercussão – até parou nas redes sociais. A partir disso, uma série de denúncias e depoimentos, por parte de alunas e ex-alunas dele, foram coletados.
Estranhamente, nem Clara, nem Flávia e nem Raquel quiseram depor, alegando já terem se envolvido demais no caso. Eram tantas meninas denunciando que as três julgaram não ter sido necessário falar do que lhes ocorreu. Obviamente discordava dessa decisão, porém a respeitei.
Soubemos que ele confessou seus crimes. Sendo uma autoridade policial, Raquel teve acesso ao que o professor aliciador relatou. Ainda naquela mesma semana, na noite de sexta-feira, nos reunimos na casa do Edgar para esclarecermos os pormenores daquele caso.
— Ele filmava as alunas usando canetas que continham uma câmera espiã — começou a escrivã. — Furtivamente, entrava no banheiro feminino da escola e deixava esses objetos ali gravando. Em paralelo a isso, seduzia algumas das garotas e coletava as peças íntimas.
Instintivamente, acabamos olhando para Clara, vítima daquele homem, de acordo com a última frase que ouvimos. Ao mesmo tempo, nos recordamos de Isabela...
Depois daqueles fatídicos eventos, a garota não falava mais com ninguém, nem com o próprio irmão. Já sacou que agimos meio que pelas suas costas. Deveria estar me odiando, inclusive, afinal, havia confiado em mim... Ela se fechou numa tristeza tão profunda que cheguei a temer acerca de sua saúde mental. Isabela ficou dois dias sem ir para escola. Edgar respeitou isso. Mas, não deixava de ser preocupante que uma menina, antes tão alegre e receptiva aos outros, tenha se fechado dessa maneira. Naquele dia, por exemplo, ela se encontrava trancada em seu quarto.
— E onde ele obteve essas canetas? — indaguei.
— Disse que foi quando fez uma viagem...
— Para a Coreia do Sul — Clara afirmou. Sua certeza me fez arrepiar.
— De fato — prosseguiu Raquel, igualmente espantada com o que ouviu —, ele admitiu que havia se associado, no passado, com um grupo sul-coreano, que promovia esse tipo de crime naquele país. Felizmente, essa quadrilha se desfez quando a maioria foi presa, porém Fabrício continuou aprontando por aqui... Como sabia que ele esteve na Coreia? — terminou, virando-se para a minha amiga.
— Tudo faz sentido — respondeu a esteticista. — Ele chegou a me dizer casualmente uma vez. Jamais imaginei que as coisas eram tão podres...
Raquel a considerou e seguiu:
— Ele também relatou que tinha esse modus operandi de mandar e-mails íntimos para algumas das alunas, usando contas falsas e armando uma situação, com outros desses perfis fakes para gerar terror na cabeça das vítimas.
— Só por isso? — perguntou Flávia. — Quer dizer... Não que seja algo pequeno, porque não é! — enfatizou. — Mas não me entra na cabeça que ele enviava aqueles e-mails apenas por um prazer sádico.
— Você está certa, Akemi. — Pude notar um discreto sorriso no canto da boca de Raquel. — Normalmente, ele chantageava as vítimas com aquilo.
Aí ouvimos coisas horríveis. Em resumo, o bandido propunha favores sexuais de suas alunas e ex-alunas com base na chantagem. A escrivã chegou a dizer que houve um caso parecido com o de Flávia, sendo que ele chegou a querer fazer sexo a três com duas garotas, por tê-las gravado...
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É pela amizade ou... A história das paulistANAs
RomanceMooca, São Paulo. Ana Beatriz, Ana Clara e Ana Flávia têm mais em comum do que apenas o primeiro nome, são também moradoras do mesmo prédio na capital paulista, colegas de escola na mesma turma e melhores amigas desde quase muito sempre. Infelizment...