Capítulo 21

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Ana Flávia

Entrei no apartamento 32 e não demorei ao dar um pequeno passeio por ali. Não sou como Clara, que certamente já deveria estar chorando um rio de lágrimas ao ter adentrado o 31, mas eu sentia alguma coisa enquanto estava no local que já chamei de lar. Era uma sensação confortável e gostosa.

Passei pela cozinha. Assim como os outros cômodos, nada estava ali, a não ser a velha bancada que meu pai havia providenciado, quando nos mudamos para cá ainda nos anos 90. Um velho banco também parecia estar ali solitário. Sem saber o que tinha dado em mim, tomei o assento e comecei a apalpar aquela superfície.

Tantas lembranças e tantas refeições foram feitas naquela parte... Não pude evitar de voltar nas minhas memórias.

 Não pude evitar de voltar nas minhas memórias

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Fevereiro de 2003


Para a nossa felicidade, estávamos mais crescidas, mais maduras (ou nem tanto...). Beatriz ainda era a mais alta do trio, porém não tão maior que Clara e eu. Ao mesmo tempo, minha pessoa não era tão mais baixa – tinha até uma altura próxima da minha amiga de ascendência africana.

Contudo, quem estava com uma estatura assustadora eram os meninos da nossa sala. Creio que o mais baixo tinha um metro e setenta e cinco, o que – para uma faixa etária de catorze e quinze anos – eu já considerava como alto.

Mas como diria minha mãe: "Só têm tamanho". De nada adiantava ter aquela altura toda se o assunto deles se resumia a quantas meninas pegaram em uma festinha qualquer. Era como se fôssemos medalhinhas colecionáveis em seus quartos, que certamente deveriam cheirar a esperma de tanto que... Ah! Esquece...

Vamos falar de um assunto melhor, por favor? Sim, vamos falar sobre mulheres, especialmente sobre as três maravilhas e moradoras de um prédio da Mooca.

E que maravilhas! 

Beatriz, além daquele corpo esbelto, estava com os seios grandes, tentadores... Uma vez, estávamos aguardando-a em seu quarto quando ela saiu do banho, enrolada apenas em uma toalha.  Fiquei nervosa. Para "ajudar", o maldito do pano caiu. Pensei que iria ter uma síncope ali mesmo ao ver aquela silhueta perfeita. Pedi:

— Podemos te esperar na sala, se quiser. — Minha voz saiu estranha.

— Que besteira, Flávia! — respondeu a moradora daquele apartamento. — Desde pequenas, a gente se troca na frente uma da outra. Fiquem aí que só vou botar uma roupa.

Feliz e aparentemente, nem ela e nem Clara notaram minha ansiedade. Se notaram, não devem ter associado isso ao que nem eu sabia o que era naquela época.

Por falar em Clara, esta que se menosprezava tanto, não ficava atrás no quesito atributos físicos. Ela era toda proporcional, nada de exageros e isso também tinha a sua beleza. Aliás, deveria parar de usar aqueles casacões em pleno verão.

É pela amizade ou... A história das paulistANAsOnde histórias criam vida. Descubra agora