Capítulo 38

155 17 787
                                    

A semana após o meu aniversário tinha corrido melhor do que o esperado.

Como promessa era dívida, Edgar e eu não nos afastamos um do outro. Era incrível como conversávamos pelo WhatsApp e o assunto fluía, mesmo que estivesse cansada após um dia árduo de estudos. Minha rotina se resumia a ir ao cursinho de dia, suspirar pelo detetive à noite e sonhar com algo (ou seria alguém?) bom durante a madrugada.

No meio daquela semana, o homem ruivo chegou a me convidar para mais um jantar em sua casa. Tentei ralhar com ele sobre isso durante um dos nossos diálogos à distância:

Beatriz: Não é justo! Vc me convidou da outra vez, eu que deveria te convidar agora...

Edgar: Já conheci sua casa e sua mãe e teve o seu aniversário. Além disso...

Ele mandou um emoji daquele macaquinho tapando os olhos, demonstrando um pouco de vergonha no que iria "falar" a seguir. Confesso que achei fofo e imaginei-o todo vermelhinho ali na minha frente... Já falei que minha cor favorita é o vermelho?

Edgar: Além disso, a Isabela insistiu para que você jantasse com a gente...

E dá-lhe mais emoji do macaquinho...

Estava ficando até engraçado aquilo. Na hora, lembrei-me das meninas debochando da minha pessoa, devido ao fato de eu fazer uso dessa ferramenta presente no aplicativo. Pensando bem, já que Edgar citou o nome da própria irmã, acho que a garota estava sendo uma versão adolescente das minhas amigas. Teorizei que ela ficava fazendo insinuações e brincadeiras sobre um provável relacionamento entre o rapaz e eu.

Tudo isso se confirmou quando fui àquele jantar. Assim que entrei naquele apartamento, fui recebida por um abraço caloroso de Isabela, que se seguiu para um beijo no rosto dado pelo seu irmão mais velho. Edgar ainda expressou um sussurro em um tom rouco e... muito sensual:

— Você veio!

Para variar, ele tinha caprichado naquela refeição. Dentre os pratos que havia preparado, destacava-se ali uma chamativa caponata e um aparentemente delicioso ravióli.

— Meu Deus! Irei engordar assim! — exclamei.

— Ah! Que isso, Beatriz... — ele apaziguou.

— Gorda ou magra, aposto que ainda teria um monte de cara babando por você, Beatriz — soltou a adolescente. — Não acha, maninho?

— Isabela, por favor...

E não é que, diante de mim, Edgar havia ficado realmente vermelho?

O jantar foi acontecendo tranquilamente, apesar das indiretas por parte de Isabela dadas aqui ou ali, o que me provocava uma crise de riso nervoso e deixava o detetive à beira de um colapso.

Mal tínhamos terminado a comida e a jovem já saiu em disparada pela casa, não sem antes de dizer:

— Se precisarem de mim, estarei no meu quarto... com a porta fechada... Não! Trancada! — Deu uma piscada e praticamente correu até o seu aposento.

— Essa minha irmãzinha... Sutil como uma mula — disse Edgar após ouvirmos a porta do quarto de Isabela ser batida.

Dei mais uma gargalhada, que logo o contagiou. Ele foi me conduzindo até a sala-de-estar e ficamos conversando por ali mesmo, sentados em um dos sofás.

— Sabe que acho que a Isabela tem um pouco de mim e das meninas? — comentei.

— É mesmo? Oh meu Deus! Olha a irmã que me arrumaram... — ele respondeu olhando para cima e fingindo fazer uma súplica aos céus.

É pela amizade ou... A história das paulistANAsOnde histórias criam vida. Descubra agora