Julho de 2015
Flávia: NÃO ACREDITO QUE VC FEZ ISSO!!!
Foi assim que começou uma pequena discussão envolvendo o trio das "Anas" no grupo do WhatsApp.
Alguns dias se passaram depois que procurei o Edgar pela última vez. Eficiente como sempre, o detetive conseguiu achar o Paulo e já tinha me telefonado falando do seu mais recente sucesso. Aliás, sua voz estava diferente do outro lado da linha. Pensei em perguntar se havia algo de errado, mas não tive coragem – o clima entre nós dois, desde aquele dia, parecia morno demais. É por essas e outras que queria as meninas do meu lado para, ao menos, irmos ao escritório do ruivo.
Voltando ao presente, mal havia mandado uma mensagem relatando tudo isso que começou o burburinho no nosso grupinho particular.
Clara: Beatriz, mas pq vc pediu isso ao bonitão? Pensei que vcs estavam juntos...
Em uma "bela" ocasião, Clara acabou contando para Flávia dos meus flertes com o detetive particular. Nem preciso dizer o que isso resultou: gracinhas, insinuações, piadas maliciosas, etc. e etc. Até tentei reverter a situação ao meu favor:
— Ué, Flávia! Não era você que dizia que os meninos eram idiotas?
— Sim, amiga — ela rebateu —, eu falava isso, mas meu pensamento evoluiu...
Suspirei aliviada. Aquela filosofia dela era um pouco estranha para mim.
— Hoje acho os homens idiotas — completou e caiu na gargalhada sendo acompanhada por Clara.
Olhei indignada para ela e insisti:
— Você teve uma filha com um homem, cadê a lógica?
— Não estou casada com o pai da Gabi. Além disso, mesmo eu criticando-o por conta do que já conversamos sobre paternidade, Mateus não é um homem, é um anjo, é a exceção à regra. Gostaria que vocês o conhecessem um dia...
Mais um suspiro de derrota foi dado por mim frente àquela hipocrisia de Flávia. Até tentei recorrer à Clara, porém ela estava mais emprenhada em tirar uma com a minha cara do que refutar os argumentos da nossa outra amiga.
Voltando de novo ao momento atual, estávamos naquele impasse e não demorou muito para que acontecesse o show de ofensas:
Clara: Não gosto dele!
Flávia: Pra mim ele não presta!
Pensaram que os xingamentos eram para mim? Nada disso! Era pro meu ex-namorado mesmo. Decidi cortar aquela situação:
Beatriz: Chega gente! Não tô fazendo isso por amor ou por algum sentimento que eu ainda possa estar nutrindo por ele. Se coloquem no meu lugar: fiquei em coma e uma boa parte da minha vida foi interrompida. Vcs não acham justo eu querer saber de algumas lacunas que ficaram em branco ao longo desses anos todos?
"Silêncio" no grupo. Eu não tirava a razão delas por não serem fãs do Paulo, nem mesmo cobrava isso delas, mas também precisava de respostas. Desse modo, complementei:
Beatriz: Se não quiserem, não precisam me acompanhar caso eu queira fazer uma visita a ele, mas ao menos venham comigo ao escritório do detetive.
Mais alguns instantes sem respostas até que as mensagens voltaram a aparecer:
Flávia: Sua sorte é que a Gabi tá passando alguns dias na casa do pai e eu tô sozinha.
Clara: E eu tô de férias.
Se tem algo que prezo muito na nossa amizade, além do companheirismo, da empatia mútua e da confiança, é também algo relacionado ao que li uma vez: "Defenda seus amigos, porém não necessariamente defenda ou concorde com as suas atitudes". Era em momentos assim, em que a discordância reinava entre nós três, que eu via que elas eram sim as minhas irmãs de alma, dando-me apoio, mesmo que não aprovassem minhas ações. Aquele sim velado e com um tom contrariado dado por ambas era o que eu precisava para sorrir, tomar coragem e me preparar para ir ao escritório do Edgar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
É pela amizade ou... A história das paulistANAs
RomansaMooca, São Paulo. Ana Beatriz, Ana Clara e Ana Flávia têm mais em comum do que apenas o primeiro nome, são também moradoras do mesmo prédio na capital paulista, colegas de escola na mesma turma e melhores amigas desde quase muito sempre. Infelizment...