Capítulo 3 - O Eco do Tempo

6.2K 349 11
                                    

- Tem certeza de que está bem?

            - Estou sim. – Pietro termina de cortar o esparadrapo e olha para ela. – Isso é um tipo de ponto falso que aprendi com minha tia. – Pietro sorri e ela tenta sorrir de volta.

            A dominatrix já estava pronta para ir embora, ela dá um nó terminando de fechar um sobretudo preto que vestira por cima da lingerie e vai até sua bolsa. Pietro mantém o saco com gelo em cima do galo na testa e a observa. Ele também estava sem a máscara agora.

            - Tome. – ela estica um bolo de dinheiro para ele. Algumas notas de 100 reais.

            - O que é isso? – Pietro pergunta cético.

            - Vamos. Não me desobedeça, Pietro. – ela tenta fazer uma piada. – Você não foi recompensado e eu quebrei uma regra do contrato ao tirar sangue de você.

            - A senhora não tirou sangue de mim. Foi um acidente. – ele fala calmamente olhando para ela.

            Ela aspira o ar e olha o relógio.

            - Olhe, eu vou deixar esse dinheiro aqui em cima desta mesa e vou avisar ao Ben que se ele entrar aqui e encontrar um dinheiro em cima da mesa é para ele ficar com ele. – ela põe o dinheiro sobre a mesa e pega a bolsa no sofá.

            Pietro a observa calado. Ela não é tão jovem, o que é bom. Mas também não tão mais velha como ele imaginara. Ela deve ter uns 30 anos no máximo. E uma coisa ele errou feio, ela não é bonita. Ela é extraordinariamente maravilhosa. Uma beleza sem comparação. Seria muito difícil esquecer aquele rosto de agora em diante.

            - Pietro... – ela morde o lábio. – Apesar de... hum... O acontecido. Nosso contrato continua valendo. – Pietro a encara e depois entorta a boca num sorriso triste. Óbvio que nada mudou só porque agora eles se viram sem máscaras.

            - Então você deveria deixar eu levá-la para a cama ao invés de ir embora.

            Ela ri.

            - Bom garoto. – ela parece querer pegar o queixo dele, mas se retrai. O fato de estar sem máscara a faz perder a segurança. – Se cuida.

            E assim, sem mais nem menos, ela bate a porta e vai embora. Pietro suspira e se deixa cair de costas na cama. Mirando o teto ele tenta imaginar o que aconteceria se esse acidente não tivesse atrapalhado tudo. Ele nem ao menos pôde fazê-la dormir como sempre. E depois acordar sem ela na cama, mas plenamente satisfeito e de alguma forma feliz.

***

            Carol o beija como se tivesse determinada a tirar a “virgindade” de Pietro. Ele tenta se concentrar, pensa nas palavras de Tom, mas aqueles olhos cor de mel não saem de seus pensamentos. Porra! Ele pega os pulsos de Carol e a faz parar. Eles estão no sofá da casa dela, ela está com a saia jeans aberta e sua regata jogada em algum lugar. O sutiã branco contrasta com sua pele queimada de sol, as famosas marquinhas de biquíni estão perfeitas, mas Pietro não consegue seguir com aquilo.

            - Foi mal, Carol. – ele se levanta e avistando a regata dela, pega do chão e a entrega.

            Carol faz um beicinho e veste a camisa com raiva.

            - Qual seu problema? Você é gay? É isso?

            Pietro ri e passa a mão no cabelo, sentindo um pouco de dor ao encostar no machucado em seu supercílio.

SensatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora