Capítulo 12 - Possibilidades

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O salão de recepções do Eco era enorme, e estava parecendo uma boate agora. Pietro conferia as horas, não podia perder o horário do ônibus na rodoviária. Quando chegasse lá, reembolsaria sua madre, pelas passagens. Um telão havia acabado de exibir as principais notícias e Pietro tinha de admitir que sua matéria estar entre as 10 melhores, fez seu peito inflar um pouco.

            A semana passou bem devagar no Eco. Só se falava nessa bendita festa e o dia dela parecia não chegar nunca. Camille e Jonas passaram a semana toda fora. Quer dizer, pelos boatos, Camille voltara na Quinta, mas não apareceu no Eco. Hoje, na festa, ela estava deslumbrante e sozinha. Mas, parecia evitar Pietro a todo custo.

            Pietro ainda sentia um pouco de dor da confusão que arrumou no Sensatrix na Quarta. Ele apareceu lá bêbado e Tom não o deixou subir no palco. Para completar, Pietro resolveu tirar satisfações com Yuri e Will sobre a fatídica sexta em que Camille os escolhera ao invés dele, mas o fez à moda “máfia” Italiana, bate primeiro, pergunta depois. Ben apareceu no vestiário com cara de poucos amigos e pela primeira vez, Pietro viu o quanto expressivo ele podia ser. Viu e sentiu.

            Ben deu dois socos bem dados, um de direita e outro na costela de Pietro que ele ainda podia sentir até agora. Tom chegou para apaziguar e Pietro agora sentia vergonha de todas as coisas que gritou para ele. “Você foi rejeitado!”, “Você a queria, mas ela não te quis!”... Alguém o apagou durante o processo e ele acordou em seu alojamento. Guto o havia resgatado no clube e Pietro nem sabia como tinha chegado em casa.

            - Que cara é essa? Hoje é dia de comemorar! – Cicy chega e enche a taça de Pietro com prosseco.

            - Eu acho que já vou. Vou trocar de roupa na rodoviária, minha mala está no carro. Ele vai ficar no estacionamento da rodoviária até eu voltar.

            - Hummmm – Cicy resmunga com a taça entre os lábios e está olhando para o outro lado do salão. Pietro segue o olhar de Cicy e vê que na verdade ele está paquerando. – Ok. Boa viagem. Me ligue se precisar de algo. – E com um floreio, Cicy some.

            Pietro sente que está faltando algo. Olha o relógio mais uma vez, está em cima da hora, mas quer se despedir de Fabiana. Onde ela se meteu? Ele liga pra ela.

            - Fabi? Onde você está? – ela atende no primeiro toque, mas ele não entende o que ela fala. Há algo chiando muito alto. Ele entende ela dizer: “Graças a Deus que você ligou! Preciso de ajuda! Estou no banheiro...” e a ligação cai.

            Pietro segue para o banheiro feminino, ele fica no fim de um corredor, mais afastado do que o dos homens.

            - Fabiana? – ele bate na porta.

            - Pietro! – ela abre a porta e o puxa para dentro muito rapidamente e tranca a porta atrás dele.

            - O que...?

            Pietro nem precisa terminar de falar. Deitada sobre o vaso sanitário, está Camille, parecendo estar em coma.

            - Não tenho força para levá-la daqui. – Fabiana está aflita, quase aos prantos. – Meu celular caiu no vaso quando eu tentei levantar ela, aí o visor ficou apagado, nem sabia se eu podia receber ligação até que você ligou!

            Pietro ajeita Camille nos braços. Ela está com o cabelo bagunçado, a maquiagem borrada, mas, meu Deus, ela ainda assim continua linda.

            - Deixe comigo, eu vou levá-la. – ele diz ao notar que ela está bem, apenas caiu no sono. Sono alcoólico.

            - Ah, que ótimo! Aqui. – Fabiana pega um cartão qualquer na bolsa e com uma caneta minúscula que ela retira do meio do seio, anota o endereço de Camille. – Coloque no GPS. Seu carro tem GPS?

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