Capítulo 14 - A festa

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- Esses são Luna e Luigi. – Pietro apresenta os filhos de seu primo Lucas. – São gêmeos.

            Camille fica encantada. As crianças têm 8 anos de idade e nem sequer parecem irmãos, quanto menos gêmeos. O menino parece mais velho que a menina. Luna é magrinha e mais baixa, parecendo ter a mesma idade que Paola. Eles parecem tímidos e logo saem correndo para fora. Já estão de roupa de banho e Camille se pergunta onde seria a piscina.

            - Meu padre quer que eu o leve até uma das casinhas de queijos. Minha madre está enrolada com as coisas da festa. Ele deve estar odiando estar com a perna engessada. – Pietro ri.

            Camille está olhando alguns quadros sobre um aparador longo na sala.

            - Então, o negócio da família é o queijo. – ela ergue um tipo de placa feita de madeira que lembra um grande queijo redondo. A placa está marcada com dizeres que indicam que aquilo foi uma premiação. – O melhor queijo das montanhas Mineiras. Queijo Coldani. – Camille põe a placa de volta ao lugar. – Nem acredito que trabalho no maior jornal do Rio de Janeiro e nem sequer sabia disso. Eu não levo mesmo jeito para jornalista.

            Pietro faz uma anotação mental de perguntar sobre esse comentário mais tarde.

            - Queijo artesanal. Nem todo mundo gosta. E você, pelo que vi, não deve ir muito a mercados. – ele dá uma levantada na sobrancelha e lança um meio sorriso.

            Camille bufa.

            - Isso começou na Itália?

            - Não. Na Itália meus avós tinham uma vinícola. O queijo foi ideia do meu padre. Meus tios e meu primo ainda mantém a vinícola por lá.

            - Gado, leite, queijo e seus derivados?

            - Isso mesmo. Doces também. Minha nonna é mestra nisso.

            - Você entende disso tudo? Ordenhas e fabricação?

            - Mais ou menos. Sei que o leite é tirado todos os dias no início da manhã, mas ninguém de fora pode acompanhar a ordenha, porque os animais ficam estressados. Meu padre sempre repete isso. A fabricação cabe à nonna e Madalena. Elas passam quatro horas por dia dentro de uma casinha. Fazem em torno de 15 quilos de queijo. Sempre sozinhas para evitar contaminação.

            - Il queijo dipende molto dall'ambiente lá fora. – Sr. Coldani aparece mancando apoiado numa bengala de madeira clara. – Esses dias non sono bons para queijo, porque o queijo non si seca, tem chovido molto por essa região. – O sotaque e essa mistura de Italiano com português, faz de Sr. Coldani um senhor ainda mais interessante. – Vendemos também o queijo fresco, ma il preferido dos clientes é o curado, que fica cona casquinha bem amarela. – Sr. Coldani fala satisfeito e sorri fazendo covinhas no rosto mal barbeado, e seus olhos, levemente puxados, ficam bem pequenos quando sorri. Seu sorriso lembra o de Pietro. Camille pensa que há uma semelhança, mas tem certeza de que Sara não é a mãe biológica de Pietro.

            - Você quer vir cona gente? – Sr. Coldani pergunta muito simpático.

            - Eu acho que posso deixar para uma outra hora. – Camille pensa que os dois devem ter muito o que conversar e não quer atrapalhar. – Vou tentar dormir um pouco. Ainda volto para o Rio hoje a noite.

            Pietro entorta o lábio e Sr. Coldani franze o cenho.

            - Como assim volta hoje? – Sara surge do nada.

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