Capítulo 30 - despedida

2.3K 190 4
                                    

20 de Dezembro. Pietro entra no ônibus que seguirá para Minas Gerais e se senta à janela. O ar-condicionado está ligado no máximo e ele se acomoda para retirar seu casaco de dento da mochila. Pensa em como foi se despedir de Guto, de Flávia e de... Carol. Lembrando-se de sua última noite no Rio, ele adormece...

            "Carol está linda, como sempre. Estamos num pub no Recreio e ela parece querer me provocar. Estou meio alto com todos esses drinques exóticos, mas ainda mantenho minha cabeça no lugar. As duas. Hoje é sexta e um arrepio me percorre a espinha quando me dou conta de que há algumas semanas, nesta mesma hora, eu deveria estar no Sensatrix, à espera da minha dominatrix, Camille Queiroz. Viro o resto do drinque de uma vez e faço sinal para que o garçom me mande o próximo. Estamos fazendo uma espécie de rodízio de drinques e ninguém pode beber o mesmo duas vezes antes de experimentar todos do cardápio, ideia da Carol...

            Há muita música por aqui, porém não estou nem um pouco com vontade de dançar, tenho medo de que se me levantar daqui acabarei indo para o carro e sei onde vou parar... Atrás dela, de novo. Não. Ela me disse não. Estive no eco para falar com ela e Fabiana reproduziu o recado: Esqueça que um dia me conheceu. Ótimo. Foi minha última tentativa. Agora chega, chega de me humilhar. Amor não deve ser dado como esmola. Se você precisa implorar por alguma coisa é porque aquela coisa não é sua. Camille não era minha, apesar de ter me feito acreditar que fosse...

            Eu nem percebo quando a noite acaba. Estou muito bêbado e sou enfiado no carro da Carol por Guto. Flávia foi a única que não bebeu essa noite e vai dirigir. Percebo que Flávia nos leva primeiro para o apartamento da Carol. Ela salta e eu salto atrás. Flávia e Guto se despedem e eu me vejo no meio da rua sendo puxado por Carol que parece tão autoritária hoje que facilmente me deixo conduzir. E quer saber? Se ela me quiser, ela vai me ter hoje... com duplo sentido e tudo. Se eu vou ter que arrancar Camille da minha vida, por que não Carol?

            Assim que entro no ap de Carol percebo uma leve mudança no ar. Há velas aromáticas espalhadas estrategicamente pela sala. Carol acende uma a uma sem olhar para mim.

            - Espere aqui. Não vá a lugar algum.

            - Sim, senhora! – Rápido e alto demais, respondo no automático. A voz dela soou como um comando. Eu estaria ouvindo coisas? Sonhando?

            Ela ri, parece querer mostrar segurança, mas seu olhar a trai. Olho ao redor e resolvo me acomodar no sofá. O som da sala liga sozinho. Sozinho não, Carol está parada atrás de mim com um controle remoto na mão. Tomo um susto e quase caio do sofá. Ela está vestida de... "Tiazinha[1]"? Carol está com os cabelos soltos e usa uma máscara no estilo do zorro, só que mais fina. Um body de renda preto com cinta liga e nos pés, um tamanquinho preto. Nas mãos, um chicote de montaria com cabo de plástico. Tenho vontade de rir e penso se ela sabe o que fazer com aquilo tudo, mas ao me dar conta que meu pau ficou excitado assim que bate os olhos nela vestida assim, deixo a risada pra outra hora. Essa pode ser a chance.

            - Bom, Pietro. Hoje você é meu. – ela diz, joga o controle para qualquer lugar e anda na minha direção.

            Carol empurra meu peito com uma só mão e eu caio sentado no sofá. Ela se lembra que tem um chicote na outra mão e me bate de leve. Muito de leve para o meu gosto. "Tire a blusa", ela manda e eu rapidamente obedeço. Ela bate no meu braço de novo. Estou em expectativa. Carol se abaixa e abre meu zíper. Minha barriga contrai... bem que ela poderia bater com força ali na base do meu abdômen como a... Merda! Agora não! Pensar em Camille, agora não!

SensatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora