Capítulo 15 - expectativas

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A chuva apertou e algumas tendas começaram a ceder. Foi uma correria para guardar tudo, mas no final, foi até divertido. Pietro estava inquieto dentro do seu quarto, arquitetando uma maneira de ir para o quarto de Camille ou de trazê-la para o dele. Sua avó foi bem direta: “Se não são um casal, não podem dormir juntos.” Por que ela fez isso? Isso só instigava e aumentava a vontade de querer ficar com Camille. Como uma placa de “não toque” sobre um objeto. É certo que você vai tocar.

            A casa toda estava silenciosa, já passava das 2 da manhã e dormir era algo impossível. Para os dois. Pietro joga os braços para o alto. Foda-se! – ele fala consigo mesmo e abre a porta do quarto.

            - Olá, Pietro. – Sara está saindo do quarto das crianças e cumprimenta Pietro como se não soubesse de sua intenção.

            - Salve, madre. – ele fala desanimado.

            - Bom encontrar com você. Vamos conversar. – Sara fala baixinho e indica para que Pietro a siga.

            Ele a segue depois de lançar um olhar penoso para a porta do quarto de Camille. Pietro e Sara se acomodam na cozinha.

            - Quer comer algo?

            - Não. – ele passa a mão no cabelo, depois no pescoço. Ele queria comer. Mas o que, ou melhor, quem ele queria não estava disponível na cozinha.

            - Me fale sobre Camille. – Sara se senta à frente dele e cruza as mãos sobre a mesa.

            Pietro puxa o ar e se recosta na cadeira. A conversa seria longa.

***

            Camille sai pé ante pé de seu quarto. O corredor está escuro, mas uma iluminação fraca vem da escadaria e ela consegue facilmente enxergar a porta de Pietro. Ela bate de leve. Pensa em girar a maçaneta, mas isso seria invadir o espaço dele e assim ela não saberia se ele estaria deixando ela entrar por livre vontade ou por ainda se sentir impelido pelo comando dela.

            - Pietro? – ela chama bem baixinho com a boca quase colada à porta e dá batidas leves.

            Ela apoia as duas mãos na porta. Depois a testa. Um barulho vindo de baixo a faz se encolher, querer se esconder. Ela chama novamente, com mais urgência e até um pouco mais alto. Nada, nenhuma resposta. Ele estaria acordado se quisesse me ver. E se estivesse acordado, seria impossível não me ouvir à porta. – Camille pensa desolada. Inspirando profundamente ela volta para seu quarto e sem sequer se importar se alguém poderia vê-la, ela bate a porta quando entra, escorrega as costas pela madeira fria e senta-se no chão fazendo algo que tem feito muito nos últimos dias: ela chora.

***

            Quando Pietro e Sara dão por si, o dia já está quase amanhecendo. Eles ouvem o galo cantar antes de conferirem o horário no relógio de parede da cozinha.

            - Nossa! Logo Madalena estará aqui. – Sara pega a xícara do café que passara para eles e se levanta.

            - Caramba, agora que o sono bateu de verdade. – Pietro se espreguiça e entrega a xícara para Sara. – Obrigado, madre. Eu precisava mesmo dessa conversa.

            - Sou sua mãe, Pietro. Não biológica, mas...

            - A única que conheci. – ele sorri e beija o topo da cabeça dela. – Tenho certeza que amaria Fedra assim como eu te amo.

SensatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora