EPÍLOGO

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OUTUBRO/2015

- Acho que foi isso, mesmo. Minha mãe, me deixou essa herança e acabou me dando muitos filhos. – Camille sorri vendo as crianças gargalharem com o animador contratado.

Era dia das crianças e juntamente com seu pai, organizaram uma linda festa para as crianças do orfanato. Camille também suspira se lembrando do seu casamento e de Pietro realizado ali, uma cerimônia simples, íntima e perfeita. As crianças mais novas pareciam anjos com todos aqueles arranjos de flores do campo e muito branco para tudo que era lado.

- E a mim, muitos netos. – Edson responde com uma animação que faz Camille voltar de suas lembranças e olhar para ele. Mas seu olhar é atraído para além do ombro do pai.

Pietro está ao telefone e tem uma expressão confusa no rosto.

- Só um minuto, papai.

Edson assente e logo em seguida movimenta sua cadeira em direção a Nise, a grande coordenadora e ajudadora de Camille naquilo tudo. Era uma senhora robusta, com uma disposição de dar inveja a muito adolescente.

- Aconteceu algo, meu amor? – Camille passa a mão no braço dele assim que ele desliga o celular.

- Aconteceu. Mas Guto não quis me dizer ao telefone. Temos que ir até lá. – Pietro fala com pesar sabendo que a festa das crianças era muito importante para Camille.

- Então vamos. – ela olha para trás e acha seu pai conversando divertido com Nise. – Só vou dar uma palavrinha com aqueles dois e podemos ir.

- Tem certeza? Eu posso ir sozinho...

- Você quer ir sozinho? – ela o encara.

Pietro suspira.

- Não. – confessa.

- Então pode ligar o carro que eu já volto.

***

Flávia dava de mamar ao filho, agora um gorduchinho de 5 meses, e passou o menino para Guto assim que Pietro e Camille se acomodaram na sala.

- Vê se não vai deixar meu afilhado cair, hein.

Pietro sempre faria essa piada depois que Guto, no mês passado, deixou o pequeno Caio escorregar de sua mão durante o banho e Guto, com aquelas "sortes" que só os pais têm, dadas por Deus, conseguiu pegar o filho antes que o menino sequer encostasse no chão. Quando Flávia veio correndo ver do que se tratava o grito que ouvira, Guto chorava como um bebê ajoelhado no chão e agarrado ao filho enquanto Caio sorria.

- Se eu deixar, eu o pego. Já provei que sou um ótimo goleiro.

Todos riem, mas há uma tensão na sala que faz com que o riso logo se transforme num silêncio incômodo.

- Vamos Flávia, diga logo o que aconteceu.

- Não sei se... Talvez devêssemos conversar a sós...

Quando Pietro entende que ela quer que Camille saia, ele agarra a mão de Camille.

- Seja o que for, minha esposa fica.

- Pietro, talvez... – Guto tenta interceder.

- Não.

- Pietro, tudo bem. Vocês são amigos há muito tempo, eu não quero me intrometer em nada, eu posso... – ela já ia se levantando quando Pietro segurou com mais força sua mão.

- Você fica. Ande logo, Flávia, qualquer coisa que tenha para me dizer a Camille vai ficar sabendo de uma forma ou de outra.

Flávia solta o ar e olha para Guto, ele assente e pelo olhar eles entendem que, na verdade, isso vai realmente mudar tudo e diretamente afetar Camille também.

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