Domados

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(Último capítulo)

- Por que eu tenho que ser vendado?

- Está me questionando, Pietro?

O tom de voz ameaçador de Dominatrix faz Pietro prender o ar.

- Não, eu só...

- Não o quê? – Camille aperta o nó da venda de seda preta e Pietro inclina o queixo para o alto acompanhando o movimento.

- Não, senhora.

Camille observa o pomo de Pietro se movimentar quando ele responde roucamente. Ela passa a língua nos lábios e se concentra. É tão diferente quando tem amor no meio... Ela se afasta e observa seu trabalho. Ela deixou para vendá-lo por último por um motivo bem óbvio, movimentar aquele homem enorme vendado seria muito trabalhoso, e ela estava com uma certa pressa. Seu corpo tinha pressa. Urgência.

Pietro fica em expectativa. Sem as pequenas e ágeis mãos de Camille nele, ele sente uma estranha sensação de abandono. Mas então ele deixa seus lábios se curvarem num meio sorriso. Ela é minha. – pensa. Só havia poucas horas em que ela o pedira em casamento, mas ele já se sentia casado. A ideia de pertencerem um ao outro para sempre fazia seu coração se expandir.

- Está gostando? – Camille pergunta ao ver um meio sorriso brincar nos lábios de Pietro.

- Sim, senhora.

- E eu nem comecei. – ela soa ameaçadora, mas lhe dá um rápido beijo na boca.

Nesse momento Pietro apenas deixa sua imaginação voar. Pensa na roupa que ela veste. Uma calça colada branca, botas de couro pretas que vão até os joelhos, um corselet preto curto que deixa o umbigo à mostra e uma jaqueta vermelha de botões dourados, muito parecida com a tradicional usada em circos. Há uma bolsinha de tecido vermelho, com uma alça fina trançada de corda transpassada, com algo dentro que Pietro não sabe o que é. Ele prende o sorriso ao se lembrar que a última coisa que vira antes que ela o vendasse foi ela colocando a cartola na cabeça olhando-o de forma sensual e travessa.

Agora ali estava ele, ajoelhado no canto da jaula, as mãos apoiadas sobre uma cadeira preta de ferro e vendado. Pelo menos não estava amarrado, isso ainda o deixava tenso. Outra diferença era a roupa dessa vez. Não havia nenhuma, nenhum macacão, ou fantasia, nada. Pietro estava completamente nu e excitado.

De repente um baque. Dor. Pietro grunhe. Ofega. Puta que pariu... Uma chicotada estala em suas costas e Pietro percebe que fazia tempo que não sentia seu corpo assim. Dói, pra cacete. Mas ele gosta.

Tudo isso acontece enquanto alguma composição excêntrica do genial Heitor Villa-Lobos enche o ambiente. Pietro iria querer saber de qual se tratava mais tarde...

- Onde você está, Pietro? – ela puxa o cabelo dele e diz ao seu ouvido. – Quero você aqui. – sussurra e mordisca a ponta da orelha dele.

Sem aviso, Camille puxa a cadeira fazendo com que Pietro fique sem apoio e caia para a frente. Ele geme e suas mãos espalmam no chão. Camille sorri. O chão da jaula estava todo coberto por um tatame preto, ela jamais o machucaria. Não de propósito.

- Ande. – a voz aveludada de Camille soa como uma ordem imediata para ele.

Pietro caminha de quatro indo em direção a voz.

- Pule.

Pietro ergue o corpo e vira a cabeça na direção dela. Como assim pular?

Ao ver a testa franzida de Pietro, Camille morde o lábio inferior e vai até ele.

SensatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora