Em questão de segundos o grupo já havia entrado num dos portais gerados pelas gêmeas. A sensação era estranha, ao cruzarem o círculo oval tudo ficou escuro e silencioso, parecia que estavam sendo sugadas por alguma força e puxadas para cima. Aquilo as levou direto ao salão principal da casa de Tkal na superfície, o portal negro tomou o piso e as cuspiu para fora.
O lugar estava vazio, pela janela quebrada era possível ver que já era de tarde, a luz do sol inundava todo o recinto reluzindo sobre os diversos cacos de vidro espalhados pelo chão. O tom lá fora era alaranjado e avermelhado, mal parecia que tinham saído do inferno, pelo contrário, ele quem havia subido para a superfície transformando-a num caos inimaginável.
Edie e as outras suspiraram aliviadas e surpresas, demorou um tempo para se orientarem. Logo após vieram Senka e Aknes, carregando a forma alta e obscura de Valt pelos braços, além do imenso e pesado cajado:
— Nunca tinha viajado por um portal antes! Queria poder fazer isso, nunca mais eu iria andar — Edie fantasiou se voltando para as demônios de modo empolgado.
— Nem eu! — Moly exclamou ao lado dela.
— Finalmente, voltamos — Kia murmurou cabisbaixa e de braços cruzados.
— O que perdemos? E o que aconteceu com seu chifre Edie?— Moly questionou apontando para a cabeça dela.
— Meu chi-fre?... — Edie tateou a cabeça, de fato faltava um pedaço do osso no lado direito. — AAAHHH!!!O que aconteceu comigo???!
— Você ainda não tinha visto??? — Moly perguntou abismada, disfarçando um leve sorriso.
— Relaxa Edie, depois resolvemos isso... — Kia a tranquilizou.
— Poxa, achamos que nunca encontraríamos vocês até encontrarmos a passagem atrás daquela cortina... — Lirahy respirou pesadamente, ainda podia sentir a aflição de não tê-las achado em primeiro momento.
— Se não fosse a afobada da Edie... — Moly começou.
— ...nunca encontraríamos a Tkal, o Valt, o cetro, aquele maníaco e...
— Sim, minha irmã! Eu preciso encontrar ela! — Lirahy soltou preocupada já correndo em direção à porta da sala assim que a localizou.
— Espere Lirahy! É perigoso se tiverem começado a invasão! — Edie soltou, mas ela já havia aberto a porta e saído.
— Eu vou atrás daquela sonsa! — Moly correu até a saída também, o cachecol branco flutuando atrás de si, e sumiu do lado de fora.
— Vai com calma Mestre! O Senhor está mau de verdade... mais do que da última vez em que apanhou! Tiraram até um braço... — Aknes exclamou apoiando a ponta do cabo do cetro sob o chão, enquanto segurava o demônio com a outra pela cintura.
— Shhh! Aknes! — Senka a repreendeu agarrando o braço não arrancado de Valt com os braços.
Estavam se sujando de sangue, mas aquele detalhe não parecia as importar. O demônio jazia meio inerte naquela posição, porém estava de pé, com o rosto abaixado e completamente sujo:
— ... — o sangue de suas feridas escorria pela pele pálida em um vermelho escuro e ensopava suas roupas.
— Como conseguimos chegar aqui pelo portal??? — Aknes soltou encarando a irmã surpresa ao perceber.
— A barreira divina que separa o inferno da superfície foi quebrada por Sílbe, não só as energias contidas no cajado, como o próprio deus, fazem parte desse objeto, por algum motivo ele controla os poderes dela... de qualquer modo, é por isso que conseguimos, bem melhor do que cavar buracos... — Senka colocou uma mão no queixo pensativa enquanto segurava seu Mestre e também olhou para a irmã.
Edie empurrou os óculos para mais perto do rosto e pôs as mãos na cintura sem entender nada, observava as pontas negras do tridente nas mãos de Aknes com atenção:
— Temos que tirar a Tkal do cetro! Vocês sabem como??? — questionou olhando para as duas.
Ambas se entreolharam, e observaram Valt antes de responder:
— Lamento, mas se tentarmos tirá-la e fizermos algo de errado... nós podemos sabe... — Senka balançou a cabeça negativamente.
— Matar deus! — Aknes murmurou sem esconder o sorriso empolgado em seu rosto.
— E isso não seria nada bom... quer dizer, dependendo de certa maioria... — As duas irmãs sorriram uma para outra de forma estranha.
— ...e depois quem morreria seria a gente, o Mestre não ficaria nem um pouco contente, ele se importa tento com essa... — Aknes parou e fez uma careta.
Ambas sentiram o peso de Valt ficar maior sobre seus ombros, sabiamente aquilo era uma resposta, as duas se calaram imediatamente:
— Quer dizer que... vocês não sabem como tirar a Tkal do cetro?! — Edie esbugalhou os olhos para as duas irmãs tensa.
De súbito uma explosão interrompeu a conversa, a sala tremeu e os cacos de vidro tremularam sobre o piso perigosamente. Edie se agarrou aos ombros de Kia para não cair, as gêmeas permaneceram firmemente de pé junto a Valt:
— AH! O QUE TÁ HAVENDO?
— Eles estão aqui, ainda querem destruir a nós... — Kia mencionou seriamente. — Precisamos libertar Tkal, antes que seja tarde demais.
— Você tem alguma ideia Kiazinha?
— ... — Kia fez um gesto de negativo e encarou o chão em desânimo. — Eu deveria saber... — murmurou tão baixo, que se Edie não prestasse atenção não teria minimamente escutado.
— O que disse Kia?
— ...nada.
Senka e Aknes seguraram Valt firmemente após outro tremor, o cetro nas mãos de Aknes reluziu de súbito numa luz intensa e branca, aquilo a queimou fazendo-a largar o demônio bruscamente. Ele caiu sentado sobre o chão levando Senka junto, o cetro em forma de tridente sumiu das mãos de Aknes logo em seguida. Edie e Kia olharam chocadas para o que aconteceu:
— AI! Ela realmente está ai dentro! — Aknes exclamou abanando a mão queimada.
— Pra onde ele foi Aknes?! — Senka exclamou se erguendo após soltar Valt ao chão.
— Não sei! Tipo... sumiu!
— Droga! Agora sim o Mestre tem com quem se irritar!
— Aé? Quem?
— Nós Aknes! NÓS!
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O Belo Jardim
Fantasy''- Edie e Kia, duas amigas inseparáveis, habitam um mundo onde Anjos e Demônios passaram a conviver juntos. A vida não poderia ser mais pacífica até que as duas se veem diante de um terrível problema...o dever de casa. Por que as duas raças con...