Capítulo 18_Deus e o Inferno

40 1 0
                                    

    Em questão de segundos o grupo já havia entrado num dos portais gerados pelas gêmeas. A sensação era estranha, ao cruzarem o círculo oval tudo ficou escuro e silencioso, parecia que estavam sendo sugadas por alguma força e puxadas para cima. Aquilo as levou direto ao salão principal da casa de Tkal na superfície, o portal negro tomou o piso e as cuspiu para fora.

    O lugar estava vazio, pela janela quebrada era possível ver que já era de tarde, a luz do sol inundava todo o recinto reluzindo sobre os diversos cacos de vidro espalhados pelo chão. O tom lá fora era alaranjado e avermelhado, mal parecia que tinham saído do inferno, pelo contrário, ele quem havia subido para a superfície transformando-a num caos inimaginável.

    Edie e as outras suspiraram aliviadas e surpresas, demorou um tempo para se orientarem. Logo após vieram Senka e Aknes, carregando a forma alta e obscura de Valt pelos braços, além do imenso e pesado cajado:

    — Nunca tinha viajado por um portal antes! Queria poder fazer isso, nunca mais eu iria andar — Edie fantasiou se voltando para as demônios de modo empolgado.

    — Nem eu! — Moly exclamou ao lado dela.

    — Finalmente, voltamos — Kia murmurou cabisbaixa e de braços cruzados.

    — O que perdemos? E o que aconteceu com seu chifre Edie?— Moly questionou apontando para a cabeça dela.

    — Meu chi-fre?... — Edie tateou a cabeça, de fato faltava um pedaço do osso no lado direito. — AAAHHH!!!O que aconteceu comigo???!

    — Você ainda não tinha visto??? — Moly perguntou abismada, disfarçando um leve sorriso.

    — Relaxa Edie, depois resolvemos isso... — Kia a tranquilizou.

    — Poxa, achamos que nunca encontraríamos vocês até encontrarmos a passagem atrás daquela cortina... — Lirahy respirou pesadamente, ainda podia sentir a aflição de não tê-las achado em primeiro momento.

    — Se não fosse a afobada da Edie... — Moly começou.

    — ...nunca encontraríamos a Tkal, o Valt, o cetro, aquele maníaco e...

    — Sim, minha irmã! Eu preciso encontrar ela! — Lirahy soltou preocupada já correndo em direção à porta da sala assim que a localizou.

    — Espere Lirahy! É perigoso se tiverem começado a invasão! — Edie soltou, mas ela já havia aberto a porta e saído.

    — Eu vou atrás daquela sonsa! — Moly correu até a saída também, o cachecol branco flutuando atrás de si, e sumiu do lado de fora.

    — Vai com calma Mestre! O Senhor está mau de verdade... mais do que da última vez em que apanhou! Tiraram até um braço... — Aknes exclamou apoiando a ponta do cabo do cetro sob o chão, enquanto segurava o demônio com a outra pela cintura.

    — Shhh! Aknes! — Senka a repreendeu agarrando o braço não arrancado de Valt com os braços.

    Estavam se sujando de sangue, mas aquele detalhe não parecia as importar. O demônio jazia meio inerte naquela posição, porém estava de pé, com o rosto abaixado e completamente sujo:

    — ... — o sangue de suas feridas escorria pela pele pálida em um vermelho escuro e ensopava suas roupas.

    — Como conseguimos chegar aqui pelo portal??? — Aknes soltou encarando a irmã surpresa ao perceber.

    — A barreira divina que separa o inferno da superfície foi quebrada por Sílbe, não só as energias contidas no cajado, como o próprio deus, fazem parte desse objeto, por algum motivo ele controla os poderes dela... de qualquer modo, é por isso que conseguimos, bem melhor do que cavar buracos... — Senka colocou uma mão no queixo pensativa enquanto segurava seu Mestre e também olhou para a irmã.

    Edie empurrou os óculos para mais perto do rosto e pôs as mãos na cintura sem entender nada, observava as pontas negras do tridente nas mãos de Aknes com atenção:

    — Temos que tirar a Tkal do cetro! Vocês sabem como??? — questionou olhando para as duas.

    Ambas se entreolharam, e observaram Valt antes de responder:

    — Lamento, mas se tentarmos tirá-la e fizermos algo de errado... nós podemos sabe... — Senka balançou a cabeça negativamente.

    — Matar deus! — Aknes murmurou sem esconder o sorriso empolgado em seu rosto.

    — E isso não seria nada bom... quer dizer, dependendo de certa maioria... — As duas irmãs sorriram uma para outra de forma estranha.

    — ...e depois quem morreria seria a gente, o Mestre não ficaria nem um pouco contente, ele se importa tento com essa... — Aknes parou e fez uma careta.

    Ambas sentiram o peso de Valt ficar maior sobre seus ombros, sabiamente aquilo era uma resposta, as duas se calaram imediatamente:

    — Quer dizer que... vocês não sabem como tirar a Tkal do cetro?! — Edie esbugalhou os olhos para as duas irmãs tensa.

    De súbito uma explosão interrompeu a conversa, a sala tremeu e os cacos de vidro tremularam sobre o piso perigosamente. Edie se agarrou aos ombros de Kia para não cair, as gêmeas permaneceram firmemente de pé junto a Valt:

    — AH! O QUE TÁ HAVENDO?

    — Eles estão aqui, ainda querem destruir a nós... — Kia mencionou seriamente. — Precisamos libertar Tkal, antes que seja tarde demais.

    — Você tem alguma ideia Kiazinha?

    — ... — Kia fez um gesto de negativo e encarou o chão em desânimo. — Eu deveria saber... — murmurou tão baixo, que se Edie não prestasse atenção não teria minimamente escutado.

    — O que disse Kia?

    — ...nada.

    Senka e Aknes seguraram Valt firmemente após outro tremor, o cetro nas mãos de Aknes reluziu de súbito numa luz intensa e branca, aquilo a queimou fazendo-a largar o demônio bruscamente. Ele caiu sentado sobre o chão levando Senka junto, o cetro em forma de tridente sumiu das mãos de Aknes logo em seguida. Edie e Kia olharam chocadas para o que aconteceu:

    — AI! Ela realmente está ai dentro! — Aknes exclamou abanando a mão queimada.

    — Pra onde ele foi Aknes?! — Senka exclamou se erguendo após soltar Valt ao chão.

    — Não sei! Tipo... sumiu!

    — Droga! Agora sim o Mestre tem com quem se irritar!

    — Aé? Quem?

    — Nós Aknes! NÓS!

    — Nós Aknes! NÓS!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O Belo JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora