O Belo Jardim

Capítulo 18_Deus e o Inferno III

    Uma milionésima explosão fez com que todos se assustassem e estremecessem, junto a uma luz tão incandescente quanto o sol, que obrigou que fechassem os olhos e se afastassem da entrada. Welty e Demetria não tiveram chances de se afastar, uma explosão muito maior que a anterior os atingiu e fez com que se chocassem contra a porta violentamente. A estrutura de mármore não aguentou o impacto da força que aquela luz exercia e foi destruída em pedaços.

     Os dois anjos rolaram pelo salão junto aos destroços e caíram ao chão inertes. Demetria se moveu com dificuldade, mas não conseguiu se erguer, sentiu que tinha quebrado algo, a dor era tão alucinante que não sabia exatamente o que. Welty parecia desacordado do outro lado do salão e também jazia de bruços sobre o piso. Dois tentáculos enormes invadiram a sala pelo buraco feito na porta, rastejando pelo recinto com seus olhos horríveis.

     Sílbe se precipitou imponente pela entrada segurando o cajado junto a si, seus olhos passaram por todos os cantos do salão:

     — Vejo que todos os protetores de deus se encontram aqui... — mencionou com ar alegre, ainda analisando a sala e andando até ambos os anjos caídos. — Me entreguem aquele demônio inútil e covarde, e os deixarei ao menos sobreviver para verem o inferno que isso aqui vai virar! — ralhou, fixando os olhos em Welty e Demetria que continuavam caídos próximos aos degraus da escada.

     — Ei! Deixa a gente entrar! — Edie berrou do lado de fora.

     Um sorriso largo se abriu no rosto de Maick e dos outros, os demônios se puseram a frente da entrada impedindo-os de passar. Edie correu até eles com Kia a seguindo logo atrás em alerta com o que quer que ela fosse fazer, porém Maick se intrometeu no meio do caminho ainda mais, um sorrisinho incrivelmente irritante surgiu em seu rosto:

     — Daqui cê não passa sua otária!

     Edie suspirou buscando paciência ante ao desespero:

     — Muito bem então... já passou da hora de você LEVAR UMA SURRA! — berrou o resto com fúria, antes de avançar até ele, o empurrando e agarrando-o pela blusa amostra sob o zíper do casaco.

     Maick, pego desprevenido, cambaleou para trás junto a Edie até se chocar contra Sílbe no centro da sala. O demônio se virou os encarando com fúria, em seguida empurrou-os para o lado, os dois caíram no piso de mármore um tentando agredir o outro:

     — Vai Edie! — Moly berrou do lado de fora.

     — Pre-Precisamos fa-fazer alguma co-coisa! — Lirahy gaguejou em choque, mas os demônios começaram a cercá-los.

     — Edie! — Kia voou por sobre os guardas e tentou puxar a demônio para longe de Maick, porém ela estava determinada a segurá-lo e espancá-lo.

     — O que estão olhando palermas?! — A voz de Nevra interrompeu as risadas dos guardas. — Pra cima desses malditos! — berrou.

     Os demônios se precipitaram até os outros, O Ato se aproximou de Árabel. Ela, Lirahy e Moly foram encurraladas próximas da fonte de água por seres nem um pouco simpáticos. Demetria e Welty foram pressionados contra o chão e presos com brutalidade pelos tentáculos que invadiram o salão, Sílbe se agachou de joelhos até eles:

     — Me digam onde o acabado se escondeu!

    Os dois permaneceram em silêncio. Apesar de não serem grandes simpatizantes do líder dos demônios da superfície, ambos sabiam o que significaria entregá-lo:

     — Pois então, vejamos com quem acabarei primeiro... — O demônio passou os olhos por cada um mais uma vez. — ...que tal os primeiros a acharem que não pisaria no templo de seu "deus"? — terminou pousando os olhos em Demetria e apontando o cetro para ela.