O Belo Jardim

Capítulo 5_A Dualidade dos Fatos III

    O demônio retornou para a sala circular sumindo ante a porta e ressurgindo no pequeno altar da sala. As duas demônios o esperavam no centro pacientes e caladas, a de cabelos pretos curtos tomou a fala assim que o demônio surgiu de frente para elas num piscar de olhos:

     — Senka se apresentando senhor, lorde e mestre...

     — Aknes de apresentando senhor, lorde e mestre... — A outra imitou com voz mais fina.

     — Viemos como pediu.

     — Mandou nós chamar? — A outra gêmea deu um passo à frente, os olhos brancos a diferiam da outra além de um sorriso travesso e despreocupado no rosto.

     — Hãm, claro que chamou Aknes — a outra murmurou e também deu um passo à frente, possuía olhos pretos e uma fisionomia de ar implacável, como se estivesse pronta para fazer o que quer que lhe fosse ordenado.

     Valt suspirou impaciente, aquelas duas não mudaram nada desde os tempos antigos em que o serviram e ainda o faziam, só que com menos frequência:

     — As chamei aqui porque sabem o que preciso que façam, não é mesmo? — questionou olhando-as de cima do altar com ares de superioridade.

    — Hm, aquele seu problema de costas travadas de novo? O Senhor precisa que o ajudemos a se sentar ou coisa assim...

     — Arg, Aknes! Certamente não é isso — Senka a repreendeu rigorosa, mas logo se voltou para o demônio. — É isso mestre? Porque da última vez, parecia bem mau...

     Uma risada abafada veio de uma delas, o demônio arqueou uma sobrancelha e as encarou feio claramente não achando graça, ambas ficaram em silêncio esperando que ele as explicasse:

     — Acredito que saibam sobre o que está sendo planejado em relação à superfície, não me convém ir ao submundo, portanto, exijo que me revelem o que está sendo tramado.

     — Ah sim...

     — Aquela "deus" não o deixa mais sair? Que barbárie...

     — Ela não tem controle algum sobre mim! — o demônio exclamou considerando aquilo um insulto, era verdade que ele estava proibido de ir até o local citado e só poderia fazê-lo pedindo autorização de Tkal, humilhação que jamais cometeria, mas não aceitaria ser lembrado disso pelas servas.

     — Ignore Aknes Mestre, ela não sabe o que diz...

     — Mas os dois fazem tantas coisas juntos que é meio impossível de pensar o contrário...

     — Quê?!

     — Aah! Não aquele tipo de coisa!

     — Aknes, cale a boca...

     — Basta! Não as chamei aqui para isso, digam o que ordenei!

     Ambas se calaram e se entreolharam:

     — Sem dúvidas, tem coisas acontecendo no submundo... — Senka se apressou em dizer, tomando ciência do que estava sendo tratado.

     — Sim, as coisas têm estado agitadas, mais que o normal... — Aknes também se pronunciou.

     Valt ficou em silêncio esperando o resto da explicação, mas as gêmeas apenas o olharam de volta com um pouco de hesitação e vergonha antes de abaixarem os rostos submissos:

     — Lamento Mestre, mas não sabemos o que está acontecendo, é que...

     — Fomos expulsas... — Aknes soltou baixo.