Capítulo Bônus IV_Desejos_

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     Edie tinha esperado pela noite perfeita em que pudesse sair para observar as estrelas, e o campo era o lugar perfeito para isso. Naquele momento ela caminhava alegremente pela grama alta.

     Fazia frio e ventava, porém aquilo não a impediu, tinha puxado as mangas do casaco que usava até as palmas das mãos e as meias até os joelhos, mesmo que aquilo não aliviasse por completo. Como tinha pensado, a noite estava perfeita. O céu se encontrava sem nuvens, lotado de estrelas, a lua crescente brilhava no centro refletindo seus raios nas plantas que deixavam o campo prateado e bastante iluminado. Havia vaga-lumes próximos as árvores que rodeavam o lugar, era possível ouvir sons de grilos e outros animais noturnos, sinfonia perfeita junto ao uivo do vento.

     As estrelas cintilavam acima da cabeça de Edie como milhões de cristais, aquele lugar era simplesmente maravilhoso. A demônio sorriu para si mesma e continuou andando até a ponta do penhasco como sempre fazia em noites como aquela. Kia não a tinha acompanhado apesar de ela ter insistido, a anjo não gostava de sair de noite e raramente o fazia. Edie pensou com uma pontada de tristeza nas vezes em que as duas tinham ido ver as estrelas juntas, já fazia bastante tempo.

     Esses pensamentos continuaram a cruzar sua cabeça enquanto prosseguia, já estava a meio caminho andado até o penhasco, quando avistou algo que a fez parar abruptamente. Havia uma figura parada na ponta, ela estava virada de frente para o vasto horizonte que era possível ser visto dali de cima, e se encontrava de costas para Edie o que impossibilitou que a identificasse. A figura era alta e no topo da cabeça era possível ver dois pares de chifres em formato de S.

    Edie cerrou as presas nervosa e ficou parada sem saber se continuava andando ou se ia embora, geralmente o lugar ficava deserto naquela hora, a não ser pela presença dela. A curiosidade acabou vencendo. Ela caminhou na ponta dos pés até alguns arbustos e árvores que terminavam ao lado do penhasco e ficou ali, estática e agachada sobre os joelhos. Assim que a figura se mexeu um pouco para o lado, foi que conseguiu ver seu rosto:

     — Não é possível! — soltou meio alto demais por trás das sombras das árvores.

     O demônio pareceu ouvi-la, pois virou o rosto rapidamente na direção em que ela se encontrava escondida. Aquilo a fez pular assustada entre os arbustos e se abaixar brusca atrás deles:

    — ...

    — ...

    — ........................................

    — Consigo vê-la parada aí atrás, saia — a figura ordenou em voz grave ainda encarando naquela direção.

     O rosto de Edie ficou vermelho de vergonha, ela não teve outra escolha a não ser sair do esconderijo se erguendo lentamente e atravessando os arbustos receosa. A demônio empurrou os óculos para mais perto do rosto nervosa ao se aproximar da figura:

     — Senhor Valt??? É você??? — questionou ainda sem acreditar que era ele parado ali na borda.

     O demônio tinha os braços cruzados, o rosto sério estava muito pálido por conta da luz do luar que incidia diretamente sobre ele, sua capa negra esvoaçava atrás de si por conta do vento:

     — ...como vê. — Foi a única coisa que respondeu, antes de virar o rosto novamente para o céu indiferente a presença dela.

     Edie se aproximou lentamente ao lado dele, olhou em volta tentando ver se mais alguém estava ali, mas só havia os dois. O demônio encarava a lua quieto e sério, sem se quer respirar, parecia perdido em pensamentos e distraído. Edie ficou parada e também encarou a lua em silêncio, a curiosidade borbulhava dentro dela, nunca havia visto o demônio ali nas muitas vezes em que frequentara o lugar. Ela estreitou os olhos na direção dele e tomou coragem para perguntar:

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