Capítulo 11_Conspiração

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     O especial salão principal da muralha ficava aos fundos, um hall de entrada quadrado e não muito grande levava até ele. O salão em si, que ficava atrás de um grande portão de ferro na parede central, era corpulento o suficiente para ser considerado um. Suas paredes eram ricamente douradas, o piso de mármore vermelho escuro era forrado por um tapete grosso e de cor sombria, a única iluminação provinha de velas penduradas num lustre de ouro no centro da sala, tudo ali esbanjava luxúria e riqueza.

     No altar da sala, um tridente de pedras vermelhas era segurado pelas mãos de um demônio de aparência jovem e maquiavélica. Conversava consigo mesmo, pelo menos era isso que se podia supor, num tom de voz normal e mal se importando se era ouvido ou não:

     — ...a punição e culpa são especialmente suas por desafiar o inferno, agora que está entre minhas garras posso literalmente brincar de "deus"... — A voz maliciosa e sem escrúpulos reverberava pelo salão, carregada de desprezo e certa satisfação.

     As pedras em formato de losangos reluziram em seu topo consecutivas vezes como se alguma coisa estivesse ocorrendo em seus interiores:

     — Ãh? O "líder" dos demônios? Não tenho o menor receio daquele traidor decadente e miserável que tomou para si! — terminou com raiva contida na voz. — O que mais quero é que ele venha atrás de ti...

     O demônio fez uma pausa pensativo antes de continuar, pensava em como receberia o mencionado quando chegasse:

     — ...estou a um passo de destruí-lo, digo, nós estamos. É tão ingênua de pensar que poderia mantê-lo sob seu teto e cuidado...

     O ressoar de uma voz é audível novamente vinda dos cristais luminosos, aquele som é escutado somente por ele:

     — Iremos nos divertir imensamente com ele e depois, minha cara Tkal, será a vez de brincar com seu ser! — Uma risada espontânea lhe escapou dos lábios e presas semiabertos.

     O cetro vibrou um pouco, o demônio envolveu seu cabo com ainda mais força se deleitando ao imaginar ser o pescoço daquela anjo. Naturalmente a maldade e o sadismo faziam parte daquele ser de olhos vermelhos:

     — Dúvida de mim?! — ralhou voltando a seu estado de fúria. — É uma pena que não posso matá-la, mas já que se faz de difícil... posso ter o prazer de corromper tudo diante de ti começando por aquele seu "mundo" asqueroso....

    O demônio parou abruptamente e a censurou em silêncio fazendo os cristais perderem o brilho, vozes abafadas vinham do lado de fora da sala por detrás da grossa porta de metal imponente ao centro da parede. Não era difícil ouvi-las, pois as paredes deixavam o ruído transpassar até ele, além das cavidades dos ouvidos serem bastante aguçadas:

     — Com quem será que ele tá falando?

     — Fique quieto!

     — ...bate logo na porta!

     — ...cale a boca se não quer que eu te soque!... Quero ouvir!

     A porta se abriu sozinha com um solavanco, batendo com brutalidade na parede deixando Nevra e Maick expostos na entrada da sala, os dois deram um pulo assustados e pegos de surpresa. O ser ao centro do altar os encarou fixamente com os olhos muito vermelhos, as expressões demonstrando sua receptividade satânica:

    — Então, ...estão se divertindo atrás da porta?! — A voz agressiva do demônio chegou até eles.

    Nevra adentrou na sala receosa com o demônio de boné vindo logo em seguida:

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