Capítulo 17_Cristais em Sangue II

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     — Ah... enfim te encontrei... — Ele olhou para Valt sentado no chão e depois para Edie e Kia, uma breve expressão de surpresa passou por seu rosto, até ele sorrir maldoso como se gostasse do que via.

     — ...a queda pelo penhasco não foi o suficiente ãh? Não se preocupem, dessa vez vou garantir que afundem dentro da lava, mas primeiro... — O demônio se aproximou de Valt lhe dando um chute no estômago que fez com que ele cuspisse sangue. — ...vou acabar com esse demônio patético e vergonhoso...

     — Fique longe! Não iremos a lugar nenhum! — Edie se levantou num pulo e o encarou destemida.

     — Edie...

     O demônio apoiou o cetro no chão com um retinir de metal, em seguida riu maquiavélico:

     — Vão defendê-lo? Esse velhote medíocre...

     — Sim! Seu... seu...

     — Edie... não fale besteiras... — Kia se levantou e pôs uma das mãos sobre o ombro dela.

     — As únicas testemunhas de sua morte vão ser duas criaturinhas, triste não? Talvez elas nem vivam para contar a história da sua derrota... — Ele se dirigiu a Valt impiedoso.

     — Você não vai matar ninguém, não viaja! — Edie correu sem pensar e se interpôs entre ele e Valt rapidamente.

     — Saia da frente! Eu já perdi a paciência sua criatura vadia e estúpida! — De súbito o demônio ergueu o cajado na direção de Edie e a acertou com tudo.

     O golpe a atingiu na cabeça, Edie apenas ouviu um estalo ao ser atingida antes de desabar no piso sentada, sua cabeça latejou com a pancada, tudo que conseguiu ver depois foi o cajado apontado para si e uma luz forte. Kia correu até ela e se colocou entre Edie e a luz:

     — KIA! CUIDADO!  Edie berrou em pânico.

     — Hahaha... — O demônio deu uma gargalhada estridente que fez com que seus ouvidos doessem. — Vou pintar toda a superfície com o sangue de vocês... não, de todas as criaturinhas estúpidas e malditas que encontrar! — exclamou sadicamente.

     — ...

     — NÃ...

     Edie fechou os olhos e agarrou os ombros de Kia, era o fim das duas. Um calor intenso ardeu sobre sua pele:

     — AI! — Elas rolaram uma em cima da outra para o lado, algo tinha as empurrado bem no último segundo.

     Valt conseguira ficar de pé, o raio o atingiu em cheio como uma flecha que perfura a madeira de uma árvore. Mesmo atravessado por aquilo, ele pareceu absorver a energia dolorosamente e depois se afastou cambaleando, sangue escorreu de sua boca e queixo abaixados. O demônio ferido caiu de lado no piso de pedra, ainda assim fazendo esforço para se manter apoiado no único braço que lhe restara:

     — Humpft, me surpreende o quão patético consegue ser! Só está atrasando o inevitável... — Ele apontou o cajado novamente para Edie e Kia estiradas no chão, e encarou Valt ameaçador. — Não se preocupe, está na fila para ser o próximo assim que eu acabar com...

     Valt ergueu o rosto devagar e se ergueu cambaleando novamente, Edie e Kia conseguiram ver pelo canto dos olhos que ele não estava normal. Seu rosto estava mais sombrio e pálido por sobre todas aquelas manchas de sangue, mal dava para ver seus olhos de tão negros que estavam ou adivinhar quais eram suas intenções. O demônio agressor também percebeu e encarou-o friamente:

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