Capítulo 8_Anjos Caídos II

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     As meninas chegaram à abertura que dava para a caverna, o lugar era estranhamente silencioso e quieto. Edie olhou ali dentro, parte da luz entrava pela abertura e se perdia no fundo. O garoto tinha entrado e algumas pegadas no chão de terra deixavam tudo mais evidente:

     — Ok, vamos pensar, aqueles demônios conhecem a criatura e foram eles que soltaram a coisa na vila, mas... por quê???

     — Eles estavam entediados... — Moly cogitou.

     — Não — Kia negou com um gesto de cabeça.

     — Ah Edie, isso é muito estranho para entender... — Lirahy murmurou.

     — Hm... o que tudo isso tem haver com o sumiço da Tkal? E o Welty continua sumido também...., bem, vamos entrar!

    Edie e Kia se aproximaram da entrada, Lirahy ficou imóvel gaguejando algo que nenhuma delas conseguiu ouvir, mas que provavelmente se tratava de elas não entrarem:

     — Vem tonta! — Moly a agarrou pelo braço e a puxou consigo para dentro.

     O lugar era espaçoso e pedregoso, luz provinha de algumas fendas sobre o teto, ainda assim o ambiente era um tanto escuro e abafado. Edie tapou o nariz, o cheiro daquele lugar era insuportavelmente forte, pior que dos miolos das maçãs que comia e largava debaixo da cama:

     — Arg! Esse cheiro é... — Edie tentou adivinhar do que podia ser.

     — Parece sangue, é bom...

     — Ãh... Moly? — Lirahy a encarou desconfortável.

     — Eu ia dizer merda de murcegus...

     — Morcegos... — corrigiu Kia — ...e sangue.

     — Ele deve ter corrido aqui pra dentro e se escondido.... tem alguma coisa estranha rolando aqui! — Edie continuou adentrando a caverna seguida das outras.

     — Espero que não sejamos atacadas por morcegos gigantes. — Moly encarou o teto.

     — Tem luz o suficiente para não ter morcegos aqui, provavelmente eles só aparecem de noite — Kia explicou indiferente.

     — Que chão nojento! — Edie pisou em alguma coisa melequenta e escorregadia. — Vejam isso... — Ela apontou para o chão, uma mancha preta e fresca se estendia por ele continuando em direção ao fundo da caverna.

     — Alguém se voluntária para passar o dedo aí e lamber isso?

     — Ai, que coisa nojenta Edie, quem faria isso?! — Lirahy contraiu o rosto enojada.

     — É sangue... — Moly limpou o indicador na roupa.

     — ... nã-não a-acredito que fez isso, é perturbador! — Macabro era a palavra certa, Lirahy estremeceu quando a viu lamber os lábios.

     — O quê? O sangue ou a caverna? — Moly olhou para a enorme mancha no chão como se fosse apenas sopa derramada.

     — ...você!

     — Será que eu acertei o cabeçudo tão forte assim?

     — Não se culpe Moly... foi bem feito! — Edie continuou andando sem se abalar totalmente com aquela cena.

     — Não é dele. — Kia deu de ombros e continuou andado.

     — Como você sabe? — Lirahy perguntou estática e tensa.

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