Capítulo 16_Ascensão

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     Valt se ergueu do lugar inóspito e áspero onde caiu. A primeira coisa que sentiu foi uma tremenda dor nas costas ao tentar se levantar, pensou com rispidez que talvez a idade estivesse mesmo se abatendo sobre ele. Assim que se pôs de pé pôde observar o imenso buraco que tinha deixado... com as próprias costas. Havia caído de vários metros ao ser jogado contra o centro do pátio com uma força surpreendentemente forte, só parou após se chocar contra aquele que seria um dos últimos pisos de pedra. Seu agressor veio logo em seguida, pairava logo acima dele a alguns poucos metros, sorrindo com a situação:

     — Para um demônio acabado e inútil que conviveu todo esse tempo com os malditos anjos até que continua resistente, veremos por quanto tempo... — A voz agressiva do outro reverberou pelo imenso lugar em que se encontravam.

     O comentário se fazia correto, Valt continuava impassível, estava sujo de terra e poeira, mas apesar de cair por metros dilacerando o chão abaixo de si, estava intacto e sem um único ferimento. A luz psicodélica daquele lugar entrava pelo imenso buraco e iluminava parte dele, o local era escuro a não ser por uma luz alaranjada que se projetava ao longe do imenso pátio, o segundo maior do inferno. O piso era uma rocha enorme repleta de outras pontiagudas e enormes, teto e paredes eram de pedra, formavam estalactites e se perdiam na escuridão.

     Nada surpreendia a Valt, já reconhecia bem aquele lugar:

     — Não irá se pronunciar? Pois então contarei quais são os meus planos após acabar contigo, minhas palavras morrerão junto com seu ser medíocre de qualquer forma... — O demônio pousou ao chão com um baque e se pôs a caminhar lentamente em direção a ele. —... sua aliança com aqueles vermes da superfície é irritável, sabe o quão é vergonhoso para nós seu maldito sentimental?!

     — Não pensei que ficaria tão ressentido — Valt zombou o encarando com superioridade.

     — Isso não será mais um problema quando eu te matar! — ralhou com fúria. — Tkal vai me agradecer por fazê-lo por ela, diferentemente daquela estúpida não serei clemente com o perdedor que se tornou! Irei acabar com a aliança que os une e aquele lugar miserável vai conhecer o que é o inferno de verdade!

     Valt o observou de soslaio cruzando os braços com mau humor enquanto o mesmo andava à sua volta:

     — ...está falando demais, não? Não dou a mínima para o que queira fazer e o que pensa, sempre foi irrelevante até para o próprio deus daquele lugar, suas ameaças não assustam se quer crianças.

     O demônio parou de frente para ele, os braços unidos atrás de si, uma risada de escárnio saiu de seus lábios:

     — Estou prolongando demais nossa conversa, quer tanto assim ver a Tkal? Irei mostrá-la — dizendo isso, o demônio ergueu uma das grotescas mãos diante de si.

     Rapidamente e misteriosamente, um objeto surgiu entre sua palma e se expandiu até ganhar forma. O cetro enorme pendeu em suas mãos, o cabo era totalmente negro e tinha o formato típico de um tridente, pedras muito vermelhas e escuras se cravavam por toda a superfície e topo do objeto, uma energia reconhecível pairava no ar vinda dele. Valt se manteve em mesma posição encarando-o com indiferença, ao vê-lo em completo silêncio e contemplação o demônio continuou:

     — Não a reconhece? Falou em irrelevância, vamos ver se será assim quando explicar... — O demônio lhe lançou um largo sorriso e acariciou o topo do objeto. — Aqui se encontra contido todo o poder de Tkal, não apenas ele como ela própria faz parte disso! Sabe... ouvi dizer que não é páreo para tamanho poder, fraco, como sempre! — O cetro foi apontado para ele enquanto falava.

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