Capítulo 2_Duas raças dois Mundos

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    Um demônio observava através de uma janela grande do teto ao chão. Aquela paisagem clareada pela luz do sol, risadas distantes, o som dos pássaros... marcavam o final dos dias desagradáveis e também o início do mais novo infortúnio que o trouxera a sua decadência:

     — Tem perdido facilmente para mim no xadrez...

     Agora tudo estava bem, bem demais, os problemas viriam mais cedo ou mais tarde como um déjà-vu, e como odiava problemas...:

     — Está fraquejando ou vou começar a pensar que é um pretexto para ter aulas particulares comigo...

     O demônio olhou por sobre o ombro. A figura que falava com ele e interrompia seus pensamentos estava sentada numa cadeira próxima, a propósito, a mesma se tratava do problema e motivo do debate silencioso em sua cabeça:

     — Eu ganho o que me convém, não preciso de aulas, muito menos vindas de sua figura — replicou firmemente.

     A referida se levantou e começou a andar tranquilamente pela sala, vinha em direção a ele:

     — Não seja um mau perdedor, eu também deixo você ganhar quando me convém, sabia?

     — Aonde quer chegar?

     — Não quero ''chegar'', quero que pare de agir como um perdedor e conceda uma nova partida.

     — ...

     — Tem que ser mais desafiador em suas jogadas, do modo como vem jogando até o pior adversário ganharia, está parecendo o Welty e... ele não sabe jogar, sabia? — As palavras finais soaram com ar de ironia.

     O demônio não deixou de cerrar as presas com o comentário:

     — Como é?!

     A conversa foi interrompida por batidas rápidas na porta. O anjo citado na frase pôs a cabeça para dentro da sala e espiou para ver o que se passava lá dentro, antes de se dirigir a anjo no centro dela:

     — Tkal?

     — Ah! O que... o que foi Welty?

     — Se não estiver ocupada... tem visitantes aqui no salão, elas disseram que querem falar com você e... — Ele olhou para o demônio próximo a janela. — ...enfim, devo deixá-las entrar? A propósito, são dois seres novos em idade...

     — Claro, por que não? Isso é algo novo, faz tempo que não recebo visitas assim, por que será não é mesmo... — A anjo espiou de soslaio o demônio deixando claro seu questionamento.

     — Irei chamá-las — dito isso, o anjo sumiu na brecha da porta.

     Tkal, como a chamavam, era muito mais receptiva do que qualquer anjo na sua posição, qualquer outro teria restrições quanto a isso incluindo o ser que estava dentro da sala junto com ela:

     — Ei! Vire-se para receber as visitas.

     — Deixa qualquer um entrar aqui... e em minha presença... — o demônio falou em tom acusador.

     — Não, não, eu deixo meras crianças entrarem, é diferente e desde quando passou a se importar com quem deixo ou não entrar aqui?

     — Desde que deixou aquela gente inconveniente entrar aqui...

     — Há, aquilo nem foi tão ruim assim eles só queriam te ver de perto, além do mais você colocou eles para correrem bem rápido...

     — Queriam testar minha paciência e conseguiram, graças a vosso ser ainda sinto o cheiro nojento de incenso... eles por outro lado, ainda devem estar correndo.

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