Kepa chegou em casa e tomou outro banho. Precisava desligar-se do que havia acontecido. Toda a situação com Jorginho o deixou ansioso.
Porém, não era só ele que se sentia estranho. O brasileiro não conseguia esquecer a conversa com o goleiro. Em vários momentos, se pegou pensando no amigo e em como ele se sentia com aquilo.
— Jorgi! — Mason o chamou. — Você está pálido. O que é?
— Nada. Preciso ir embora.
— Mas a festa nem chegou à metade... são só uma e meia da manhã.
— Amanhã eu preciso acordar cedo. Ainda não terminamos a conversa sobre o que você fez comigo e com o Kepa. Pode ter causado mal a ele.
— Claro que não. Ele estava bem e nem ligou muito para o que aconteceu. Não sei o que conversaram quando foram lá para dentro.
— Francamente, o que você ganha com tudo isso? — Jorginho revirou os olhos. — Até segunda, pessoal. Boa noite.
Ele saiu e chamou um táxi. O motorista era um agradável senhor que ouvia Beatles, com o som baixo. Disse ao taxista para que aumentasse o volume depois de perceber que ele murmurava a letra.
Às vezes Jorginho se esquecia de que estava em Londres. Londres era o mundo. E o mundo era a casa dele.
Foi para a casa de Kepa. Queria ver como o amigo estava depois de tudo. Chegou minutos depois e entregou uma nota de cem libras para o taxista, que ficou agradecido pelo pagamento generoso. Ele tocou a campainha e aguardou. O espanhol abriu a porta, esfregando os olhos.
— Oi, Jorgi. Entre, está frio.
— Vim saber como se sente...
— Estou com sono — Kepa riu. — E você?
— Estou um pouco confuso. Acho que é a bebida.
— É... nós bebemos muito.
— Sobre o beijo...
— Quer outro? — o espanhol ficou de frente para ele, sorrindo.
Jorginho ficou envergonhado.
— Está tudo bem, meu amigo — Kepa o acalmou. — O que você ia dizer?
— Bom... esqueça isso. Eu só... vim vê-lo. Não sei o que dizer, ainda mais depois do que aconteceu...
— Essa deveria ser a sua menor preocupação.
— Fiquei com receio de que se sentisse mal com o que o Mason fez.
— Não fiquei mal — o goleiro olhou para vários pontos da sala, evitando fitar o amigo por alguns segundos. — Percebeu que nós dois estamos pisando em ovos?
— Sim. Eu não sei mais o que fazer.
— Nem eu — Kepa riu. — Mas está tudo bem. Digo, entre nós.
O outro concordou. O silêncio tomou conta da sala. Apenas a habitual chuva londrina e as respirações deles emitiam sons. O espanhol não queria dizer nada. Só de estar ali, com o amigo, já se sentia bem. O brasileiro também sentia o mesmo.
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Cartas | Kepa Arrizabalaga
FantasyKepa começa a receber cartas de alguém que o motivam a acreditar mais uma vez nas pessoas. Ele terá que se reconectar com as próprias raízes para reconstruir a vida depois de perder o espaço que tinha no time e na seleção e de sofrer ataques de pess...