Susto

81 8 16
                                    

Kepa retornou a ligação, mas ela não atendeu. Tentou outras duas vezes, mas continuou chamando até cair na caixa postal.

— Você está bem? Demorou a aparecer... — Jorginho fitou o olhar perdido dele.

— Isabel me ligou várias vezes e agora não me atende. Não sei se aconteceu algo...

— Fique calmo. Sabe onde ela mora?

— Sim.

— Vamos para lá então.

Eles andaram até o carro de Jorginho e seguiram para o apartamento de Isabel. No caminho, Kepa não desviou a atenção do celular. O brasileiro notou que ele estava ansioso e angustiado. Segurou a mão dele por alguns segundos para tranquilizá-lo. Os dois chegaram ao prédio e passaram pelo porteiro.

— Boa tarde. Meu nome é Kepa e sou amigo de Isabel Martinez. Ela me ligou diversas vezes, parece que não estava se sentindo bem...

— Isabel? Sim... ela pareceu abatida hoje pela manhã. Conversamos brevemente e ela subiu, disse que ia organizar algumas coisas e que iria para Barcelona por algum tempo.

— Isso. Ela não saiu desde então?

— Não. Está em casa.

— Nós podemos subir para vermos se está tudo bem?

— Se não se importarem, eu preciso acompanhá-los.

— Claro!

— O último jogo foi muito bom, não é? — o porteiro perguntou, enquanto pegava um anel de ferro cheio de chaves.

— Foi! Estamos indo bem...

— Isabel fica muito animada com os jogos. Já assistimos alguns na portaria.

Kepa bateu à porta com força e chamou por ela, mas não houve resposta. Ele ouviu tosses vindas de dentro do apartamento e chamou-a novamente.

— Estou aqui — a voz de Isabel estava fraca.

— Consegue abrir a porta?

— Não... — mais tosses foram ouvidas.

— O senhor tem alguma chave extra para abrir? — Kepa perguntou ao porteiro.

— Por sorte, sim. Ela deixou comigo para o caso de alguma emergência.

O homem procurou a chave, destrancou a porta e o espanhol entrou. Encontrou-a caída no chão, quase sem forças.

— Desculpe enchê-lo com um tanto de ligações... eu não tinha para quem pedir ajuda naquele momento.

— Está tudo bem. Viemos o mais rápido que pudemos. Isa, esse é o Jorginho — Kepa apontou para ele.

— Oi! Prazer em conhecê-la — o brasileiro disse. — Vamos levá-la para o hospital.

— O prazer é todo meu. Vocês podem me ajudar a ficar de pé?

O espanhol pegou-a com todo o cuidado e carregou-a.

— Os seus documentos estão naquela bolsa? — Jorginho perguntou.

— Sim, estão.

Ele pegou a bolsa e andou à frente deles para chamar o elevador. Kepa levou-a para o carro e fez companhia a ela no banco de trás.

— Vai ficar tudo bem — ele olhou para  a amiga e sorriu.

— Obrigada por vir me ajudar.

Cartas | Kepa ArrizabalagaOnde histórias criam vida. Descubra agora