Até o fim

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— Você veio — ela olhou para o melhor amigo e ficou a ponto de chorar. — Não queria que me visse assim.

— Não há nenhum outro lugar onde eu gostaria de estar agora, mesmo que não seja em boas circunstâncias — o goleiro segurou a mão dela e sorriu.

— Como se sente? — Kovačić se aproximou.

— Parece que tudo está falhando, mas sigo firme. Quero sair daqui logo — Isabel mentiu, pois sabia que as forças haviam praticamente se esgotado.

— Vou deixar vocês conversarem — Mateo disse, mas foi impedido por ela.

— Você faz parte da minha vida, Kova. Fique, por favor. Eu odiaria se ficasse sentado no corredor enquanto ficamos aqui.

Kovačić se sentou em uma das cadeiras ao lado da cama, olhou para ela e sorriu.

— Você vai sair dessa... eu sei que vai — ele tentou manter o otimismo.

Isabel ficou em silêncio e fingiu concordar com o croata. Nenhum deles sabia escolher as palavras certas para quebrar o silêncio, então optaram por um assunto mais neutro: futebol. Compartilharam expectativas e fizeram projeções.

Ela contou algumas histórias do tempo em que ainda vivia em Bilbao e acompanhava os treinos e os jogos de Kepa. A noite começou a cair, proporcionando uma vista incrível da grande janela do quarto.

O celular do espanhol tocou e ele saiu do quarto para atender.

— Jorginho pegou um voo para Londres e não me avisou. Ele acabou de chegar e vai vir para o hospital — o goleiro disse ao voltar para o quarto.

— Que bom que ele chegou a tempo — Isabel sorriu, deixando Kepa e Mateo confusos.

O brasileiro chegou ao hospital duas horas depois da ligação que havia feito. Ele parecia abatido, mas abriu um sorriso ao vê-los. Abraçou os amigos e chegou perto dela.

— Estou aqui. Acho que foi uma péssima ideia ter ido ao Brasil.

— Você precisava ver a sua família — Isabel o tranquilizou. — Me perdoe por te tirar de lá.

— Está tudo bem. O importante é que estou aqui com você — ele segurou a mão dela e sorriu ladino.

— Trouxe o que pedi?

— Sim — desapontado, Jorginho exibiu uma pasta cheia de papéis e deixou-a sobre a mesa ao lado da cama.

— Eu acho que vou embora — Kovačić rompeu o silêncio. — Amanhã de manhã volto com lanche e bebidas quentes, o que acham?

— Não quer ficar? — Isabel perguntou. — Digo, tudo bem se quiser ir, mas gostaria dos meus amigos por aqui.

— Eu realmente preciso de uma cama para dormir... amanhã eu chego aqui antes das oito.

— Tudo bem — ela sorriu.

Mateo deu um abraço carinhoso na amiga e se despediu em seguida.

— Jorgi, nós precisamos conversar — Kepa o levou para fora do quarto e voltou para dar uma breve explicação à melhor amiga. — Fique tranquila, não é sobre você.

— Ei, você está muito agitado. Sente-se aqui... quer água? — ele se sentou em um banco no corredor.

— Como veio tão rápido? — o espanhol andou de um lado para o outro no corredor. — Ela ligou para você, não ligou?

— Sim. Isa me pediu para largar tudo e dei um jeito de vir.

— Por que eu tenho a sensação de que você sabe de algo que eu não sei?

Cartas | Kepa ArrizabalagaOnde histórias criam vida. Descubra agora