Visita

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Kepa acordou abraçado a Jorginho. Ele se soltou e foi à cozinha para beber água, aproveitando para pegar um analgésico para acabar com as dores de cabeça. Voltou para a cama em seguida e encontrou o brasileiro dormindo na mesma posição, pronto para mais um abraço.

— Volte a dormir... estamos de folga hoje — o espanhol se deitou novamente e o envolveu com o cobertor.

— Obrigado pela noite que tivemos — Jorginho o beijou. — Estou com uma dor de cabeça terrível.

— Quer um remédio? — o goleiro pegou a cartela com o analgésico e uma garrafa com água no móvel ao lado da cama, entregando ambos para o outro. — Imaginei que você precisaria disso... nós passamos dos limites na noite passada.

— Obrigado. Você se lembra do que aconteceu?

— De cada detalhe — Kepa sorriu. — Nunca mais invada o meu banho.

— O que vai fazer se eu invadir novamente? — Jorginho riu.

— Não me faça perguntas difíceis a essa hora da manhã, Jorgi — o espanhol riu. — Não sei, talvez o mesmo que fizemos... agora vamos dormir mais um pouco.


Horas depois

Marina começou a namorar um jogador de futebol que conheceu em uma festa em Madri. Daquela vez, não estava interessada em alguém pela fama ou pelo que poderia oferecer.

Depois de ver a entrevista de Kepa na televisão, sentiu-se arrependida por ter causado tanto sofrimento a ele e a Isabel. A morte dela a deixou decepcionada e com remorso. Decidiu ir a Londres para encerrar o ciclo e devolver o dinheiro que retirou da conta dele ao longo do tempo.

Ela desembarcou em Heathrow apreensiva. Teve medo de causar mais estragos, mas ainda assim não desistiu. Pegou um táxi e foi para a casa do goleiro, tocando a campainha assim que terminou de subir os poucos degraus da entrada que conhecia tão bem. O espanhol abriu a porta esfregando os olhos e se assustou.

— Vejo que continua com a mania de não olhar quem está na sua porta antes de abrir — ela sorriu.

— Olha só... você deveria voltar para a sua vida — Kepa respirou fundo e revirou os olhos. — Não há mais nada para destruir.

— Eu sei. Foi exatamente por isso que vim até aqui... quero conversar com você para resolvermos isso de uma vez por todas.

— Acho que não entendeu que nós nunca mais teremos nada, então não há o que resolver.

— Kepa... por mais que possa não acreditar, eu mudei. Estou namorando...

— Meus parabéns, quem é o pobre coitado que está enganando? — ele arqueou as sobrancelhas e começou a rir.

— Não tem nada disso... só quero me desculpar e devolver duas coisas a você. Depois disso nunca mais vou te incomodar.

— Você tirou a Isabel de mim. Tem ideia do quanto aquilo nos machucou? E depois tirou a minha autoconfiança, as minhas forças e até mesmo parte do meu dinheiro — ele estendeu o braço com o dedo indicador levantado para que ela não o interrompesse e ficou a um passo de chorar. — Já que veio aqui vai ouvir... esperou ser recebida com um abraço em nome dos velhos tempos, não é? Seja o que for, não quero nenhuma devolução. Isabel se foi e nada que você fizer vai reparar todo o sofrimento que causou...

— Me desculpe por ter destruído a sua vida. Eu fui inconsequente e irresponsável enquanto você me deu todo o amor do mundo.

— Parece até outra pessoa falando, mas não vou cair nessa. Você me enganou por muito tempo, mas se tem o mínimo de respeito por si, volte para o lugar de onde veio e vá viver a sua vida.

Cartas | Kepa ArrizabalagaOnde histórias criam vida. Descubra agora