Cartas | Kepa Arrizabalaga

Conversa

Meses depois

Kepa e Jorginho receberam Isabel em Londres e ela iniciou o tratamento inovador. O brasileiro não poupou esforços para levar os melhores profissionais na área para cuidar dela. Enquanto o tratamento se desenrolava, a temporada para eles seguia como nunca. Muito jogos, muitas viagens e muitos treinos.

O goleiro continuou na reserva, mas foi prometido a ele que entraria nos jogos eliminatórios. Só esperava uma oportunidade. Jorginho continuou como titular e se saiu muito bem como vice-capitão, liderando a equipe por um mês inteiro quando Azpilicueta ficou fora para cuidar de uma lesão.

Eles também fortaleciam cada vez mais o que tinham. O brasileiro cogitava tornar o relacionamento mais sério, mas Kepa parecia gostar das coisas como estavam. Então estava tudo bem. Os dois estavam felizes e Isabel parecia responder bem aos cuidados que recebia.

Os três faziam a maior festa quando se encontravam, algo que acontecia sempre que todos estavam em Londres. Nem sempre Isabel estava bem, mas a companhia dos amigos era tudo que ela mais precisava para se sentir motivada. O tratamento era difícil, muito novo e incerto, mas os avanços eram positivos.

Kepa e Jorginho estavam saindo do centro de treinamentos naquela tarde. Chovia forte e eles correram para o carro, onde era seco e seguro.

— Quer ver a Isa hoje? — o brasileiro perguntou a ele.

— Na verdade, pensei em irmos para a minha casa. Faz algum tempo que não ficamos lá e podemos pedir comida para o jantar. Além disso, precisamos deixá-la em paz e eu queria passar um tempo com você.

— Nós praticamente moramos juntos — Jorginho riu.

— Acho que nenhum tempo pode ser o suficiente para nós dois. Não sei explicar...

— Não precisa. Eu sou muito feliz com tudo isso. Você me faz tão bem, me sinto capaz de enfrentar tudo quando estamos juntos. Não esperava me apaixonar assim, mas é em você que eu penso... do momento em que cada célula do meu corpo se desperta até a hora de dormir e até mais do que isso. Vamos para a sua casa então.

Kepa meneou a cabeça e sorriu. Meses antes sentia-se solitário e triste, mas o outro mudou todas as perspectivas que ele tinha. Uma a uma, dia após dia.

— Eu te amo.

— Eu também — Jorginho deu a partida no veículo para irem embora.

— Isa acabou de me responder... — o espanhol guardou o celular no bolso. — Ela disse que merecemos um tempo a sós e quer que fiquemos longe do mundo exterior.

— Bom, o desejo dela é uma ordem — ele riu. — Vou passar no supermercado para comprar o seu sorvete preferido.

— O que deu em você? Está tão carinhoso hoje...

— Nada. Estou normal. É que eu tenho uma surpresa! Na verdade, já vou contar de uma vez... você vai jogar depois de amanhã. 

— Está falando sério?

— Sim! Pediram segredo, mas eu não consigo esconder isso de você... achei que essa boa notícia poderia te animar um pouco. Sei que anda preocupado apesar de a Isa se sair bem com o tratamento.

— Tem alguma coisa que martela na minha cabeça. É como se isso ainda não tivesse acabado.

— Eu sei — Jorginho acariciou o ombro do outro. — Queria tanto que se sentisse melhor...

— Foi você — Kepa olhou para ele e esperou pela resposta. — Você pediu a eles para que eu jogasse!

— Não. Você tem se esforçado tanto ultimamente... merece uma oportunidade.