Os paramédicos levaram Isabel para o hospital e Kepa foi junto na ambulância. Ela deu entrada na emergência e foi levada para fazer exames. O goleiro ficou na sala de espera e andou de um lado para o outro. As notícias não chegaram tão rápido e ele ficou ansioso. Ligou para Kovačić e aguardou a chegada do amigo.
— Vim o mais rápido que pude — Mateo se aproximou dele e entregou um copo de bebida quente e um saco de papel com um pão tostado. — Trouxe para você.
— Obrigado — ele se sentou e começou a comer. — Já tem uma hora e meia que ela passou por aquelas portas e até agora não sei o que está acontecendo.
— Daqui a pouco teremos notícias. Acho que essa demora é normal para o estado de saúde dela — o croata pegou uma revista para ler e respirou fundo.
— Ela estava tão fraca antes de vir para cá... o meu medo de vê-la debilitada se concretizou — Kepa meneou a cabeça e começou a chorar. — Achei que levaria mais tempo até que ela piorasse.
Kovačić mudou de cadeira e se sentou ao lado dele, abraçando-o em seguida. Não foi o suficiente para fazê-lo parar de chorar.
— Me desculpe — o goleiro secou as lágrimas na manga do moletom e apoiou a cabeça na parede.
— Eu realmente queria te dizer que tudo vai ficar bem, mas isso seria uma mentira. Então vou te dizer uma coisa... não peça desculpas por estar triste. Tudo bem se você não aguentar. Tudo bem falhar em ser forte. É para isso que eu e os nossos amigos estamos aqui.
— Eu já teria surtado sem o seu apoio. Obrigado por ter vindo.
— Trago notícias de Isabel Martinez — um médico se aproximou, fazendo com que Kepa e Mateo levantassem em um pulo. — Os médicos que cuidam dela já foram chamados. Felizmente foi atendida a tempo e está repousando em um quarto. Ela está com a imunidade baixíssima. Estamos aguardando alguns resultados de outros exames que fizemos e devido à delicadeza do quadro geral dela, precisamos mantê-la aqui até verificarmos tudo.
— Nós podemos vê-la? — Kovačić perguntou.
— Ainda não é prudente liberarmos visitas por conta da situação em que ela se encontra — o médico respondeu, aparentemente preocupado. — Isso será discutido pelos médicos assim que possível. Recomendo que, por enquanto, descansem em casa. Pedirei para entrarem em contato caso tenhamos alguma novidade.
— Nós voltamos da Itália recentemente — Kepa mencionou. — Existe alguma relação com isso?
— Uma viagem por si só não é decisiva para que uma pessoa adoeça. O sistema imunológico de Isabel está mais fraco que o das pessoas saudáveis, ou seja, mais suscetível a vírus e bactérias. Vão para casa, daremos notícias em breve.
— Obrigado. Vamos, Kepa — Kovačić se levantou.
— E se forem as últimas horas dela? Quero ter a chance de me despedir.
— Isabel não vai te deixar agora.
— Como pode ter tanta certeza?
— Você mesmo me disse que ela é a pessoa mais forte que conhece. Venha, eu vou te levar para casa — o croata o puxou. — No dia em que eu apareci na sua porta completamente perdido você me recebeu e bebemos juntos. Lembra disso? Estou aqui para retribuir. É o que os amigos fazem. Vamos logo... eu sei que é difícil, mas você precisa manter a cabeça no lugar. Faça isso por ela.
Ele cedeu e aceitou ir embora. Kovačić chamou um táxi e eles foram para a casa do espanhol. Quando chegaram, Kepa se sentou no sofá e o outro foi à cozinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cartas | Kepa Arrizabalaga
FantasyKepa começa a receber cartas de alguém que o motivam a acreditar mais uma vez nas pessoas. Ele terá que se reconectar com as próprias raízes para reconstruir a vida depois de perder o espaço que tinha no time e na seleção e de sofrer ataques de pess...