O herói de Belfast

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Jorginho acordou ansioso no início da manhã e saiu para respirar ar fresco. Ele acabou encontrando alguns torcedores do time que pediram fotos e autógrafos. Depois de atender a todos, o brasileiro voltou ao hotel para o café da manhã.

— Tudo certo para mais tarde? — ele perguntou a Azpilicueta, que se esforçava para fazer com que dois sanduíches altos coubessem no mesmo prato.

— Sobre o quê?

— Você sabe, cara! Sobre o Kepa e a nossa reunião com a comissão técnica ontem...

— Hã... — César olhou para os lados para verificar que não havia ninguém por perto. — Sim, lembro. Está tudo certo, mas você sabe que precisamos ir para os pênaltis. Então existe uma condição para ele jogar... gostei do seu argumento para que ele entrasse.

— Eu só disse a verdade. Nunca existiu um goleiro melhor do que ele nesse time e tem alguma coisa me dizendo que vamos ganhar.

— Sempre gostei da sua confiança, mas... — Azpilicueta abriu a boca e conectou alguns pensamentos. — Espere, eu perdi alguma coisa? Até ontem vocês estavam brigados...

— Ele insistiu para que eu não dormisse em um dos sofás do lobby. Bom, pelo menos não estou sentindo dor na coluna — Jorginho riu.

— Diga... vocês conversaram? — o espanhol parou de comer para ouvir a resposta.

— Sim. Acho que está tudo certo. Agora finja naturalidade... ele está vindo.

Kepa se aproximou com o cabelo bagunçado e um sorriso discreto no rosto. Ele colocou o prato sobre a mesa e se acomodou para tomar o café da manhã junto a Jorginho e Azpilicueta.

Horas depois, o time se reuniu em uma área reservada no hotel para uma conversa sobre o time adversário e algumas estratégias de jogo. Em seguida, todos foram liberados para a tradicional caminhada nos arredores do hotel antes da saída para o jogo. Os jogadores entraram no ônibus no fim da tarde e foram para o Windsor Park.

Jorginho tirou uma barrinha de cereais da mochila e comeu rapidamente. Kepa, que estava ao lado dele, parecia mais tranquilo. Só parecia.

— Como consegue manter a calma?

— Acha que estou calmo? — o espanhol riu. — Não, Jorgi... você sabe que fico uma pilha de nervos em jogos assim.

— Pelo menos vamos fazer companhia um para o outro no banco de reservas.

— O quê? Não acredito que você não vai jogar! — Kepa ficou surpreso e cruzou os braços.

— Não fiquei chateado com isso... teremos um jogo inteiro pela frente, então tudo pode mudar em pouco tempo — Jorginho abriu um sorriso e segurou a mão do outro. — Pelo menos estamos bem. Isso é o que importa.

O ônibus parou no estacionamento e o time foi direto para o vestiário, onde a comissão técnica conversou uma última vez com os jogadores. Jorginho e Kepa se acomodaram no banco de reservas e começaram a conversar.

O jogo começou com muita pressão do Chelsea, mas o Villarreal não se deixou abater e se defendeu até o primeiro gol do time de Londres aos vinte e sete minutos do primeiro tempo. A partida seguiu até o intervalo sem grandes chances para os dois lados.

Quando o árbitro apitou para o início da segunda etapa, os nervos de Kepa chegaram ao ápice. Aos sessenta e cinco minutos, Jorginho foi chamado para reforçar o meio de campo. Em pouco tempo, o empate aconteceu: foi o prenúncio de que a partida se manteria equilibrada até o fim.

A prorrogação foi iniciada em pouco tempo, com o Chelsea tendo a possibilidade de usar só mais uma substituição para os minutos finais. O placar continuou o mesmo e Kepa foi chamado para o gol após um breve aviso do técnico.

Cartas | Kepa ArrizabalagaOnde histórias criam vida. Descubra agora