Confio em você

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No outro dia

Kepa acordou sentindo cheiro de café. Ele se levantou e desceu as escadas, encontrando Jorginho na sala.

— Já ia te acordar. Bom dia — o brasileiro o abraçou rapidamente. — Dormiu bem?

— Depois do tanto que passou a mão no meu cabelo, sim — ele sorriu.

— Você me abraça muito forte durante a noite.

— Me desculpe...

— Eu gosto. Ontem você me disse que os meus pequenos gestos fazem com que se sinta importante. Eu também me sinto assim quando me abraça. Não sei como descrever...

— Não precisa. Sei bem como se sente. O que você preparou?

— Pesquisei na internet e preparei alguma coisa espanhola para o desa... desay... que droga, esqueci a palavra.

Desauyno! — Kepa riu.

— Isso mesmo! Eu me enrolo um pouco com o espanhol às vezes — ele ficou envergonhado.

— Não se sinta mal por isso. Nós misturamos um monte de idiomas quando conversamos.

— É a nossa forma de nos comunicarmos — Jorginho o levou para a cozinha, onde terminava de preparar o café da manhã. — Fiz torradas com molho de tomate.

Tumaca y aceite. Falando nisso, onde está o azeite?

— Aqui está, senhor — o brasileiro o entregou um vidro de azeite e fez uma reverência em seguida. — Sabia que ia lembrar dele.

— Palhaço — Kepa riu. — Eu conheço esse, minha mãe costumava fazer de vez em quando. Você é realmente um ótimo cozinheiro.

— Obrigado. Quando você vai preparar algo para nós?

— Quando quiser, Jorgi — ele pegou uma das torradas e jogou azeite por cima. — Isabel quer conhecê-lo.

— Podemos marcar algo.

— Sim. Ela irá ao estádio no sábado e encontrará conosco quando terminar. De lá, vamos a Camden Town. O que acha?

— Boa ideia!

— Ontem eu a levei lá mas foi bem rápido, porque marquei com você. Ela ficou tão feliz com o passeio...

— No sábado ela terá mais tempo para se divertir.

— Quero que Isa se sinta bem antes de ir para Barcelona. Mais tarde vou ligar para ela. Quero saber se vai precisar de ajuda depois do trabalho.

— Nós estamos enrolando aqui, mas temos treino às dez.

— Nem me lembre. Hoje eu só queria ficar em casa.

— Mas você não está na sua casa.

— Foi modo de dizer — Kepa sorriu. — Sendo sincero, é como se eu estivesse em casa.

— Fico tão feliz com isso — Jorginho entrelaçou os dedos nos dele e pegou uma das torradas para comer.

— Com esse café da manhã, posso ficar aqui até o último dia da minha vida.

Cartas | Kepa ArrizabalagaOnde histórias criam vida. Descubra agora