Namorado de brinde (:

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Hotzinho leve só pra dar um gostinho, ok?
Nico narrando
Eu não estava psicologicamente pronto para ver a cena que eu estava presenciando. E é tipo aquele momento onde você quer parar de olhar mas não consegue. Basicamente, a cena é meu pai aos amassos com um dos nossos vizinhos, cujo nome é Apolo, se não me engano. Eu acabei de chegar em casa tarde da noite, e ao passar pelo quarto do meu pai, vejo a porta entreaberta, com sons sendo proferidos lá de dentro, e fofoqueiro como sou fui espiar, vendo três garrafas de bebidas vazias e meu pai deitado em cima do dito vizinho se agarrando com ele. Eles estão quase rolando na cama e eu não preciso ser nenhum gênio pra saber o que vai acontecer dentro de pouco tempo, portanto me forço a ir logo para a porcaria do meu quarto. Bem como esperado, uns vinte minutos depois a cama do quarto do meu pai está rangendo e eu ouço suspiros, ofegos e gemidos baixos.

***

Quando você sabe que seus pais/mães ou qualquer responsável por você fez sexo, você sempre acaba um pouquinho traumatizade. Pois é. Eu não consegui nem dormir na noite em que meu pai ficou com o vizinho. Tanto que os ouvi se despedindo durante a madrugada, e nenhum deles parecia surpreso por ter rolado algo. Percebi que não era de hoje que eles vinham ficando. Me lembro de voltar de acampamentos e noitadas com meus poucos amigos e ver que meu pai estava mancando, ou então com algum hematoma mal escondido. Nunca reparei muito nisso mas agora fazia sentido. E também não vou julgar, nossos vizinhos são realmente bonitos (sei disso principalmente porque fico secando o filho do Apolo, Will, pela janela do meu quarto).
Cheguei na cozinha ali pelas sete da manhã. Meu pai já havia feito o café e estava fuçando o Twitter (meu pai não é exatamente esses pais mais velhos que lêem jornal - aliás, ele foi pai com 15 anos, o cara tem só 29, não é nem velho). Ele tinha uma marca de mordida meio evidente demais logo abaixo da mandíbula, detalhe que eu  que não gostaria de ter notado.

H:- ah, oi filho.

N:- oi.

Hades percebeu meu desconforto. Eu nunca falo só "oi". É sempre "oi pai" ou "bom dia pai". Ele sabe disso.

H:- você chegou à noite ou de madrugada?

N:- noite.

H:- e você está assim porque espiou na porta do meu quarto não é?

Meu pai também sabe que eu sou fofoqueiro.

N:- é... talvez.

H:- desculpa ter me descuidado com esses detalhes.

N:- então o vizinho é seu ficante?

H:- namorado.

Quase deixei a xícara na minha mão cair no chão.

N:- e eu não fiquei sabendo disso até agora?!

H:- se você soubesse o bairro inteiro já saberia também. Eita... adeus armário.

Pisquei algumas vezes que nem um retardado. Certo, meu pai está namorando. Um cara. Tenta não surtar.

N:- então... o senhor já sabia que era do vale?

H:- já.

N:- e não contou por...?

H:- digamos que eu não tenha uma boa experiência com saídas do armário. Foi por isso que eu só te trouxe para NY depois que seu avô morreu.

Agora algo havia feito sentido na minha cabeça. Meu pai tem uma cicatriz enorme de queimadura nas costas e uma outra no pescoço, um corte limpo de lâmina. Ele falou que meu avô havia feito aquilo com ele, mas nunca disse o motivo. Agora eu sabia. Fui até a mesa e o abracei.

SOLANGELO NOSSO DE CADA DIA!!Onde histórias criam vida. Descubra agora