SOLANGELO NOSSO DE CADA DIA!!

Para nossa surpresa

Nico narrando
Eu sou péssimo em começar narrativas, mas o que eu quero contar é como eu descobri que estava namorando. Sim, isso aí.

Vamos por partes: durante os 3 dias na enfermaria, eu e Will nos aproximamos. Viramos amigos. E passamos a ter uma rotina. Ele era meu único amigo realmente presente até então, sendo que meus outros amigos falavam comigo por mensagens de Íris. Por conta disso, eu era extremamente grudado em Will, fazia de tudo pela atenção dele e comecei a sentir ciúmes de seus outros amigos. Depois que me dei conta disso, me senti extremamente possessivo com ele e me sentia mal pelo ciúme. Mas, graças aos deuses, eu conseguia disfarçar, e Will não me via de ciumeira pra cima dele. Mas isso não demorou pra evoluir. Infelizmente, eu sou muito carente de afeto, e isso me fez ter um coração mole. Me apaixonei por ele.
O problema foi que minhas inseguranças dominaram meus pensamentos, e ao mesmo tempo que eu amava imaginar o gosto dos lábios e da língua dele, eu não me achava digno, e isso acontecia cada vez que eu me pegava pensando nele, não só se tratando de sua boca mas de tudo que eu me imaginava desfrutando com ele. E eu comecei a me sentir cada vez mais inferior perto dele, como uma pulga em um Golden retriever. Eu pensei exatamente isso, e senti que o estava incomodando com todos os traços ruins da minha personalidade – que majoritariamente não existiam – e que devia me eliminar da vida dele.
Então comecei um distanciamento: evitava conversar (porque sabia que se puxássemos assunto, conversaríamos por horas a fio), não falava muito perto dele (porque ele conseguiu me transformar num tagarela), comecei a me ater a respostas curtas e diretas. Mas ele percebeu. Will ficou incomodado com minha distância e perguntou-me o que estava acontecendo, se eu me sentia sufocado por ele ou algo assim. Eu fiquei sem ter o que falar de convincente para ele sem falar a verdade e estragar tudo, então voltamos para aquela amizade grude de sempre.
Um dia, Will me disse que teria um encontro. Senti isso me quebrar inteiro, mas fingi que fiquei feliz por ele. Ele me arrastou por aí atrás de roupas e sapatos em brechós para ficar bonito para o encontro. Minha vontade era de dizer que ele ficava lindo de qualquer forma, mas isso deixaria muito na cara o quão gay eu consigo ser. Finalmente, ele achou tudo o que queria e me levou de volta ao acampamento, dizendo que precisava da minha ajuda para mais uma coisa. Perguntei o que, e ele disse que ainda tinha o BV, e tinha medo de beijar mal em seu encontro, por isso, pediu minha ajuda para treinar. Ou seja: ele queria que eu o beijasse para garantir que não passaria vergonha. Eu também tinha o BV, e pensava que era uma boa forma de perder, mesmo que para deixar "o melhor" para outra pessoa.
Então nos beijamos. Lembro de Will segurar minha cintura e me puxar para perto, pondo a outra mão em minha nuca. Ok, isso não estava nos planos mas aconteceu. Mantivemos o beijo por um bom tempo, mas eu senti que era hora de parar. Aquele beijo era bom, mas eu sentia meu coração queimar com o calor da língua dele. Separei nossos lábios, mas Will não me largou e quando recuperou um pouco o fôlego, voltou a unir nossas bocas. Talvez ele quisesse treinar um pouco mais. Mas... o tempo estava passando. Will não parava de me beijar, e estava de encontro marcado com outra pessoa. Consegui fôlego e tempo o suficiente para lembrá-lo disso. Ele arregalou um pouco os olhos e disse que havia esquecido, e foi correndo se encontrar com a pessoa.
O encontro não foi bom, segundo ele. Primeiro que ele nem mesmo se atrasou, mas mesmo assim a pessoa reclamou e encheu o saco, e nem um beijinho ela deu nele. Will largou quem quer que fosse de mão, não comentando mais sobre. Mas, ao passo disso, ele começou a demonstrar um certo carinho a mais por mim. Eu pensei apenas que nossa relação como amigos havia evoluído para algo tipo, amigos que ficam de mãos dadas, trocam selinhos e dão uns pegas quando ficam sozinhos. Eu achava que amizades com intimidade do século XXI eram assim. Tive uma suspeita de que era mais que isso quando Will me deu uma correntinha dourada com isso escrito: S-di-A, que seria Solace di Angelo, mas ele havia dito logo antes de me dar que consagrava aquilo ao seu melhor amigo, então acreditei que não significava namoro.

Eu só percebi que estava namorando quando Jason veio me visitar.

Ele estava todo feliz de me ver, até me abraçou (não gosto mas deixo). Conversamos um pouco e tive que dizer que agora eu tinha outro melhor amigo. Ele se fingiu de magoado, mas só de brincadeira e depois falou que ficou feliz por isso. Mais tarde, na hora da fogueira, ele estava com Piper, e eu estava ao lado dos pombinhos quando Will chegou. Ele me deu um selinho, se sentou encostado comigo e escorou a cabeça no meu ombro. Isso era completamente normal entre nós. Sem que eu percebesse, Jason observou a cena, estranhando levemente toda essa naturalidade. Não por sermos garotos, mas porque supostamente, éramos só amigos. E isso se repetiu algumas vezes, e alguns exemplos são quando: depois da esgrima Will me fez massagem; ficamos nos pegando atrás do meu chalé e Jason por acaso viu; quando ele viu nossos pingentes; quando me sentei no colo de Will durante a fogueira; quando dançamos uma das músicas lentas (que foram encrementadas ao horário da fogueira) colados demais; quando dispensei fazer algo com Jason para ficar com Will (aconteceu umas sete vezes), etc.

Então um dia, Grace teve que voltar ao acampamento Júpiter, e antes de sair, me chamou para conversar de lado.

J:- eu queria te perguntar uma coisa.

N:- diga.

J:- Will é esse novo melhor amigo que você falou, não é?

N:- é.

J:- e... vocês são apenas melhores amigos?

N:- sim.

J:- Nico.

N:- oi?

J:- a relação de vocês... meio que andou mais rápido do que vocês se deram conta?

N:- como assim?

J:- é uma coisa que Piper chama de relação gradativa, que é quando as pessoas envolvidas se aproximam muito e sem se dar conta, estão namorando. Acho que isso aconteceu com você e Will.

N:- espera... você está dizendo que eu... e Will... nós... hã... namorando??

J:- Nico, tudo o que vocês têm feito são coisas de namorados. Vocês se cumprimentam com beijos e apelidos. Ficam trocando carinho quando estão juntos. Falam um do outro quando se separam. Se olham com paixão. Até o Percy conseguiria ver isso de longe!

Eu fiquei chocado. Eu estava namorando e não sabia. Meu santo Hades!

Mais tarde, quando fui acompanhar o turno da noite de Will com ele, puxei o assunto.

N:- Will?

W:- fala meu doce.

N:- o... o que eu sou pra você?

W:- como assim?

N:- hum... em... status de relacionamento.

Ele pensou por um tempo.

W:- eu... não sei dizer... até agora eu pensava em nós dois como amigos, mas... agora parando pra pensar... nós meio que... estamos...

N:- namorando?

W:- é...

Ele me encarou nos olhos e retribui seu olhar. Lembrei de tudo que eu já fiz com ele: beijos, carinho, abraços, risos... já havíamos até mesmo tido alguns contatos beeem sexuais. Era inegável: estávamos namorando.
Ele se inclinou para mim, me beijando. Retribui.

W:- eu te amo.

Essa declaração me pegou de surpresa e me fez corar.

N:- também amo você.

Ele me presenteou com um sorriso lindo, e eu não pude me conter, sorrindo para ele também.

Foi assim que eu descobri que estava namorando 💖