Provocações

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Gatilho pra suicídio e depressão.
Nico narrando
Aquele maldito salafrário desgraçado energumeno idiota!! Não aguento mais, William Andrew Solace!!!

Ah, oi. Você precisa de explicação né? Tá.
Seguinte: eu fiquei no acampamento e virei campista de ano inteiro. Mas continuo sendo muito isolado. Não consegui fazer amigos. E o único que eu pensei que poderia ser meu amigo virou uma espécie de rival.
Não do tipo odeio-você, do tipo vou-te-provocar-até-o-fim-dos-tempos. E esse cara é o Will. Ele é mega popular, carismático, cheio de vida, lindo, sexy e pode ter qualquer ser aos seus pés com um mero sorriso. Enquanto eu só me apaixono pelas pessoas (no caso, caras) erradas, afasto todo mundo, sou um morto-vivo meio decomposto e a única coisa que eu sei é lutar com espadas.
E, por esses motivos, ele me provoca com coisas tipo "espero que goste do que vê, pois é estoque limitado!", ou "quero ver fazer algo como isso, di Angelo!", sem contar aqueles flertes falsos dele. Ugh, como me irrita!

Eu estava lutando com minha espada, sozinho, quando Will e seu fiel grupinho de seguidores apareceram pra me perturbar.

W:- belos golpes, di Angelo! Ligeirinho você hein?!

Os outros riram. Revirei os olhos.

W:- owww gente, ele ficou bravinho! Leva na esportiva Nico, relaxa!

A garotada concordou com ele, rindo levemente.

N:- tenho cara de atleta?

W:- cara eu não sei, mas corpo tem e muito.

Os outros fizeram um "huuummm, granola" que só deuses sabem o que significa.

N:- não pode só me deixar em paz?

Will me lançou aquele olhar de quem diz "você sabe o meu preço para a sua paz", e me esperou concordar. Não que eu quisesse, mas também queria, bem... é complicado, mais pra frente talvez você entenda. Concordei a contragosto.

W:- ok pessoal, vamos deixar o sr. Grinch aí lutar em paz.

Eles se afastaram, rindo debochado. Perdi meu ânimo para lutar, vendo o que eu teria que fazer para "pagar minha dívida" de paz com Will. Me encaminhei a passos pesados para o chalé. Tomei banho, troquei de roupa e decidi tirar um cochilo. As vezes parece que Will consegue sugar minhas energias. Talvez ele fosse o provedor delas se... não, não, esquece!

***

A noite chegou. Os campistas já jantaram e estão na fogueira. E Will está batendo na minha porta, vindo me cobrar. Abro usando apenas o roupão.

W:- parece que alguém se adiantou hoje, hum?

N:- entra logo.

W:- mal humorado...

Ele entrou e eu bati a porta.

N:- só tira logo a roupa e vamos acabar com isso o quanto antes, pode ser?

W:- ué, tá sem vontade? Justo hoje que eu queria te fazer gritar a noite toda...

N:- você sempre quer. E... sempre... consegue.

Will sorri sadicamente de lado. Ele sabe que tem poder sobre mim. Sabe que estou a sua mercê. E ele me usa. E taca fora do mesmo jeito que as camisinhas que já gastamos.
Will se aproxima, ainda vestido, pondo a mão na minha cintura, outra na nuca e me beijando. Um beijo erótico. Não terno, caloroso, carinhoso; apenas sexual. Quando se satisfaz da minha boca, começa a maltratar meu pescoço, pondo a mão na minha bunda. Eu deveria estar ficando animado, mas a verdade é que fico cada vez mais triste e desamparado. Me forço a gostar tanto quanto sempre, mas não consigo. Não hoje. Espero que ele não se importe em praticamente foder um objeto inanimado. Vou tirando a roupa dele e correspondendo aos toques, mas quando estamos próximos a cama, ele para e ergue a cabeça, ofegando um pouco.

W:- aconteceu alguma coisa?

N:- como assim?

W:- você não tá excitado. Aliás, tá mais frio que de costume. O que houve? Não tá a fim hoje?

N:- não importa. Só pega as coisas ali por favor?

W:- Nico, não! Você não quer então a gente não faz. Ponto!

N:- você me deixou treinar em paz. É meu pagamento.

W:- e de que adianta?! Eu não vou te estuprar Nico! Não sou assim!

N:- então como que eu pago?

W:- pode fazer outro dia.

N:- que dia?? Quase todos os dias nós fazemos isso!! Sério Will, faz logo.

W:- eu disse que não! Se quer tanto me pagar hoje, então fica só abraçadinho comigo hoje a noite!

Franzi a testa.

N:- abraçadinhos?

W:- é.

N:- e por que você iria querer isso?

W:- porque é bom...?

N:- Will, eu tenho cheiro de morte. Ficar abraçado comigo é uma má ideia.

W:- você tem cheiro de Malbek e as vezes de chocolate, não de morte.

Suspirei. Eu queria/não queria isso menos ainda.

N:- por que?

W:- porque o que?

N:- por que não para de me perseguir? Pra que ficar exibindo todo dia o quão melhor você é?! Por que me usar de brinquedo?!?! Eu tô cansado, Will. Cansado dessa brincadeira sem graça, cansado de perdas, cansado de me apaixonar pelos homens errados, cansado da minha vida...

Eu simplesmente desabei no chão, chorando, só desejando um fim pra aquilo. A morte, talvez. Pouco me importava o que Will estava pensando agora. Mas, pra minha sincera surpresa, ele me abraçou.

W:- eu... achei que você fosse mais perspicaz. Desculpa.

Olhei para ele, ainda choroso.

W:- eu estava cortejando você esse tempo todo, Nico. Estava tentando te conquistar, te namorar, entende? É mais ou menos assim que cortejos românticos funcionam nesse século.

N:- parecia que você tava pouco se fodendo pra como eu estava.

Vi os ombros dele caírem pela culpa.

W:- perdão. É que... eu nunca tinha me apaixonado, não sabia direito o que fazer. Tava tentando a tática que o chalé 10 ensinou.

N:- talvez ela seja funcional, mas não comigo.

Ele riu um pouco pelo nariz e me deu um beijo - dessa vez, recheado de carinho e amor. Depois distribuiu vários deles pelo meu rosto e pescoço. Me agarrei nele e Will me levantou nos braços estilo noiva e me pôs na cama, deitando do meu lado. Ele beijou minha mão.

W:- e então, Nico, aceita namorar comigo?

N:- contanto que você nunca mais me enrole.

Will riu e me deu outro beijo.

W:- certo. Sou seu agora e nada mais, ok?

Meu coração palpitou dolorosamente no peito. Anote: se alguém te disser isso, tem o mesmo valor de um "eu te amo".
Passamos a noite agarradinhos, como Will pediu. E poucas coisas na minha vida puderam me fazer tão feliz quanto aquele momento com aquele homem.

SOLANGELO NOSSO DE CADA DIA!!Onde histórias criam vida. Descubra agora