The King (parte 2)

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Nico narrando
Olá novamente. Eis você aqui, curioso ou curiosa para saber mais da minha vida. Principalmente da minha convivência. Afinal, com a minha possível reconciliação com Hades, meu casamento, o ganho de meu cachorro e meu cavalo e o nascimento da herdeira de Érebo, pela primeira vez na minha vida, eu tenho uma família.

Certo. Vou começar com minha filha. Ela, a pequena Margot, hoje tem 6 meses. Como eu já disse, ela tem olhos grandes e azuis. Além disso, seus cabelos são pretos e sua pele é alva. Ela é muito risonha e até fácil de conviver para um bebê. Eu frequentemente estou com ela no colo, descobri que gosto muito de ter uma filha. Ela quase nunca chora, a menos que esteja sendo negligenciada (quase matei o criado que a deixou chorar) ou que esteja doente. Apesar de gostar muito de estar com ela, preciso deixá-la com Will em dadas ocasiões. Mesmo amando e confiando muito em meu marido, eu sempre sinto um pequeno aperto no peito em ficar longe de minha bebê. Por isso, meu momento favorito do dia é quando anoitece, é quando posso ficar no quarto com ambos, enquanto Raven circula por perto, abanando o rabo. Outra coisa muito agradável é que Will tomou partido de algumas tarefas do reino por mim, o que faz com que, aos finais de semana, possamos sair a cavalo para passeios, onde todos podemos respirar e relaxar um pouco.

Mas nem tudo são flores. Eu ainda estou tendo que reconstruir minha relação com meu pai. Ele trata Will e Margot muito bem. Minha filha o adora, por ser inocente e nunca ter sofrido nas mãos dele. Não posso desconsiderar que ela possivelmente vai gostar bastante do avô quando crescer, até porque ela o tem na palma da mão. Já Will... ele força o sorriso, tende a ser sarcástico e disfarçadamente grosso, irônico e não muito agradável com meu pai. Já tive que separar esses dois, pois Will já quase irritou Hades ao ponto deles saírem no soco. Claro que meu marido levaria uma surra, mas admiro a consideração dele por mim ao confrontar meu pai de frente. Apesar disso, nosso convívio é relativamente pacífico. Nos últimos meses, principalmente. Isso pareceu um pouco suspeito, como se algo estivesse amaciando a raiva e o rancor dele. Não é Margot, apesar dela de fato ser extremamente agradável. Mas essa é uma questão fora da minha alçada.

E hoje é uma data especial: o rei Apolo III vem nos visitar. Ele chegou já contendo um sorriso, e seus olhos recairam imediatamente sobre Margot. Ele cumprimentou a todos no recinto com cordialidade, e depois, pedindo minha permissão, ele pegou a neta no colo. Enquanto ele fazia um leve carinho no queixo dela, ela ficou curiosa sobre o anel de sol que o rei usava. Ele deixou que ela o girasse em seu dedo, e eu vi que Margot não teria um, mas sim dois avôs babões. Eu mesmo tive que me conter ao perceber isso, pois, no fim das contas, minha menina cresceria rodeada de amor. Eu fiquei tão feliz com isso que nunca pensei que meu coração bateria tão forte.

W:- seu sorriso é lindo, sabia?

Will falou baixo para mim. Eu mal havia percebido que não conseguia segurar ao menos um pequeno sorriso. Mas, no momento, eu nem me importei. Nunca havia experimentado tanta felicidade, merecia ao menos isso.

N:- é bom que pense isso, pois tenho certeza que vou acabar dando ainda mais sorrisos.

Will beijou minha bochecha, murmurando "que bom". Anunciei que poderíamos nos acomodar para esperar o almoço, e claro, Apolo fez questão de ficar com Margot no colo. Os nobres do reino, como em outras comemorações menores, se sentaram juntamente conosco. Will, claro, se sentou ao meu lado, no canto da mesa. Apolo se sentou na lateral ao lado do filho e Hades se sentou na direção oposta, ao meu lado. Essa é a forma das Majestades se sentarem. Os lugares dos nobres ficam a critério deles. Algo que eu estranhei foi que meu pai parecia estar guardando o lugar de alguém na cadeira ao seu lado. Olhei de relance e depois desviei o olhar. Pouco depois, um duque tocou no braço do meu pai, que rapidamente liberou a cadeira para que ele se sentasse ao seu lado. Ele sorriu para meu pai, e - eu quase cai da cadeira em surpresa - meu pai devolveu o sorriso. Acho que a mesa inteira ficou perplexa por um momento, incluindo Margot. Mas, para não fazer cena, prosseguimos com a comemoração. Depois da refeição, nos sentamos do lado de fora, no jardim. Aquele mesmo duque estava de mãos dadas com meu pai. Ele tinha a pele preta e os cabelos trançados, usava uma presilha dourada para indicar a posição de duque, trajava principalmente azul escuro, vermelho e branco, com sapatos marrons. Tinha olhos castanhos e era bastante sorridente. Pelo que me lembro, veio a adquirir a posição de duque há poucos meses, mais ou menos quando meu pai começou a abrandar o humor. Sinto que esse novo duque tem algo a ver com isso. Talvez esteja meio óbvio.
Durante a conversa, Margot reclamou de fome, já que não quis comer no almoço. Peguei ela de volta no colo e tirei um dos seios da blusa, para amamentá-la. Um conde entortou o nariz enrugado.

SOLANGELO NOSSO DE CADA DIA!!Onde histórias criam vida. Descubra agora