Um casal anormal

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Contém spoilers e referências à Wandinha (não me julguem).
Nico narrando

N:- isso não é necessário.

H:- é sim, Nico. Você precisa socializar, não pode só fazer amizades com aranhas e corvos.

Reviro os olhos e bufo.

N:- eu posso ser educado em casa, como sempre fui.

H:- você pode ser muito inteligente didaticamente, mas socialmente você é muito burro.

Grunhi. Meu pai estava levando eu e minha irmã para um internato, ou melhor: o Internato Centenário dos Anormais de Nova York, nomeado assim após os 100 anos, pois os donos aparentemente não têm criatividade nenhuma. Anormais é como são chamadas todas as criaturas não humanas na sociedade: bruxas, sereias, gárgulas, skinwalkers, dragões, fadas, dríades, ciclopes, minotauros, hidras, entre centenas de outros. Ocasionalmente, eu sou um vampiro. Sou educado em casa desde os quatro anos e já tenho mais ou menos uns oitenta, talvez mais. Minha irmãzinha é uma bruxa e está muito mais empolgada com a ideia do internato com um ar sombrio de castelo antigo do que eu. Ela está sentada no banco da frente, dando pulinhos empolgados silenciosos no estofado. Jules, nosso motorista zumbi, é quem está nos levando ao norte de Long Island pra essa escola maldita. Nunca pisei em uma, mas aparentemente fui admitido nessa pela minha "alta capacitação estudantil", ou seja, meu pai pagou a escola pra me obrigar a interagir. Passamos pelos portões gradeados com o nome patético da escola. Atrás dela, um bosque com uma névoa espessa e árvores frondosas e cuneiformes, o que destoa completamente da paisagem natural do ambiente pastoril. São vários hectares cobertos pela ambientação e mais da metade da região é puramente propriedade da escola. O grande castelo negro se ergue com imponência na paisagem, cheio de torres gigantescas. Estacionamos. Minha irmã pula do banco, ainda dando pulinhos empolgados. Um centauro trota até nós.

Q:- boa tarde, senhor Hades e seus filhos. Como vão?

H:- bem, Quíron. Quanto tempo.

Ele sorri, deixando as rugas do rosto mais evidentes.

Q:- ah sim. Séculos, na verdade. Você e seus irmãos fizeram muito estrago por aqui.

Ele riu. Meu pai permaneceu inexpressivo.

Q:- bom, imagino que esses sejam seus dois prodígios. Um dos veteranos vai lhes apresentar a escola. Enquanto isso, Hades, pode me acompanhar à diretoria? Precisamos terminar os ajustes nas matrículas.

Meu pai assentiu. Ele se despediu de mim e da minha irmã, seguindo o centauro pelas escadarias. Jules descarregou as malas do porta-malas e nos seguiu. Um rapaz de olhos verdes intensos, moreno e bronzeado nos esperava em frente à porta enorme da escola. Ele sorriu ao nos ver.

P:- Neeks!

N:- sem essa Perseu.

P:- rabugento como sempre. Esse é meu priminho! E essa linda bruxinha, quem seria?

Minha irmã riu.

Haz:- Hazel! Prazer!

Ele apertou a mão dela.

P:- você com certeza não parece nem um pouco com o seu irmão. Se não tivessem me dito, eu nunca acreditaria que vocês sequer são parentes!

Fuzilei ele com o olhar e enfiei as mãos nos bolsos daquele uniforme horroroso. Andamos por longas horas pelos corredores, com Percy se perdendo nas instruções e esquecendo a ordem do tour, tendo que consultar por demorados minutos um fichário que carregava no braço. Depois de muito se enrolar, ele conseguiu nos apresentar às salas, aos horários, alguns alunos, aos professores e por fim, aos nossos quartos. Hazel ficou num quarto no térreo junto com uma sereia chamada Piper. Já eu fiquei no quarto mais alto na torre sul, e meu colega de quarto era nada mais nada menos que um anjo caído. Ah, que ótimo. Quando abrimos aquela porta velha, imediatamente notei um sujeito loiro de cabelos cacheados e olhos azuis se espreguiçando. Ele nos encarou.

SOLANGELO NOSSO DE CADA DIA!!Onde histórias criam vida. Descubra agora