Nada explica o amor

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Nico narrando
Eu acho incrível o quão nada a ver é estar apaixonado. Eu detesto contato físico, muita luz ou som e qualquer coisa que faça bem a saúde, e eu sou apaixonado por alguém que literalmente representa tudo isso. Will é louco por abraços exagerados, música alta, ama festas e é uma sarna em relação à minha saúde. Tudo que eu detesto, ele ama. É um pouco exaustivo, mas vale muito a pena.

Ele aparece no meu chalé de manhã, me leva pra tomar café às oito, me manda fazer alguma atividade até as dez, depois me diz pra ficar com ele na enfermaria até o almoço, passa a tarde comigo fazendo qualquer coisa e me deixa em paz a noite. Eu também detesto rotinas, mas ele especulou essa pra mim e se eu saio dela, levo bronca. Como todos os dias, hoje de manhã quando veio me acordar, ele me deu um abraço apertado, mesmo eu sendo bem rígido quanto a contato físico. Ele ficou segurando minha mão, mesmo eu o mandando soltá-la no trajeto até o refeitório. Ele sempre ri de mim quando tento soar autoritário para ele, como se eu fosse um cãozinho adorável rosnando, irritado. Will sempre age sem qualquer menção de medo perante mim. Não importa quantas coisas assustadoras eu mostre a ele ou o quanto eu faça valerem minhas ameaças, ele não me leva a sério. É chato, mais chato ainda quando eu sinto o rosto corar quando ele ri. Um estúpido. Quando me recusei a comer ovos mexidos dizendo que não gostava de coisas muito saudáveis, ele me repreendeu e me fez comer do mesmo jeito. Irritante. Ele me deixou na arena de esgrima e disse que me buscaria as dez. Previsível. Céus, eu tenho tudo para odiá-lo, mas não consigo. Nada explica como essa criatura completamente contrária a mim me atrai tanto!
As dez, quando ele me buscou na arena, ele estava com um estetoscópio pendurado no pescoço. Eu nunca o vejo usando esse troço. Ele segurou meu rosto e beijou rapidamente minha boca, sabendo que eu o acertaria com um tapa se ele não se afastasse rápido o suficiente. Então pegou minha mão e me arrastou para a enfermaria, para arrumar as bandagens, desinfetar os equipamentos, enfim, trabalhar de graça pra ele.
Na hora do almoço, ele me fez comer um prato com salada. O absurdo que isso é não tá escrito! Depois disso, ele me levou para um banco numa sombra e me sentou nele, se sentando ao meu lado com o braço sobre meus ombros. Fiquei com os braços cruzados e a cara amarrada, o que só o fez rir e beijar o topo da minha cabeça. Eu detesto tudo isso, mas ao mesmo tempo, acho que me sentiria vazio sem. Ele beijou minha bochecha antes de falar.

W:- estamos sozinhos. Pode desfazer a pose.

N:- não é pose.

W:- claro que é.

N:- prova.

Ele chegou próximo ao meu ouvido.

W:- eu te amo, Nico di Angelo.

Senti meu rosto avermelhar em tons fortes. Me encolhi, as mãos se juntando timidamente sobre meu colo. Meu coração batia descompassado.

W:- viu?

Ele colocou as mãos no meu rosto, me beijando mais intensamente. Suspirei entre o beijo, entregue por um momento. Seus braços rodearam minha cintura em outro abraço, me fazendo questionar sobre meu desgosto em relação à contato físico.

Por que tudo que eu odeio, nele eu amo? Eu queria que alguém me respondesse sobre isso.

Um shortzinho fofo só pra passar a abstinência.

SOLANGELO NOSSO DE CADA DIA!!Onde histórias criam vida. Descubra agora