Will narrando
Saí da escola bufando, e como se eu já não tivesse puto, meu chinelo arrebenta quando eu cruzo a rua. Saio xingando até a quadragésima geração do vento e sigo de havaiana manca morro acima. Ainda estou murmurando xingamentos quando passo na frente da casa do sr. Fofoca, vulgo meu vizinho sulista que aparentemente trouxe o frio na mala, porque tá sempre de casaco.N:- invocando Satanás, pobre?
W:- e quem disse que eu te chamei? Aliás, para de bancar o friorento que dá pra fritar ovo na calçada!
Ele está com aquele chimarrão que Deus sabe como ele consegue tomar usando casaco e nesse calor na mão. Como sempre, ele tá sentado na frente de casa tomando aquela coisa e curiando a vida alheia. Ele toma mais alguns goles antes da bomba roncar, e simplesmente dá de ombros antes de puxar a garrafa térmica e encher outro.
W:- não foi na escola por que?
N:- eu já me formei piá. Tu que rodô de ano.
W:- então vai trabalhá!
N:- eu trabalho de noite.
W:- alá, a quenga!
N:- falou a especialista.
Mandei um dedo do meio pra ele e entrei em casa. Fiz um dengo no meu caramelo rebaixado e fui pro quarto. Peguei outro chinelo, já preocupado em onde eu ia pegar prego pra consertar. Deixei a mochila lá e fui almoçar. Minha velha tava lavando louça na cozinha e sorriu pra mim, me dando um beijo. Minha mãe é aquela mãe Nutella, amorosa, carinhosa, compreensiva e que nunca tacou um chinelo em mim.
Naomi:- tava brigando com o vizinho de novo?
W:- ah, mãe, ele me provocou primeiro!
Naomi:- Windersson, já falei pra não responder quando ele te provoca, ou então chamar logo ele pra um date.
W:- mãe! Eu já disse que é William! E eu não vou levar ele pra sair.
Naomi:- William é o seu nome do meio, eu te batizei assim porque tenho bom humor. E não encuca tanto com o vizinho se não vai levar ele num encontro.
Fiz um bico emburrado e me servi, comendo quieto no meu canto. Depois de escovar os dentes, me mandei pro quarto fazer os temas por pura e espontânea pressão da dona Naomi. Honestamente, por que diabos eu preciso saber calcular área e volume de cilindro?! Eu tenho cara de enchedor de tanque de foguete ou sei lá pra que usam esse cálculo?
Depois de meia torturante hora de não entender nada, olhei pela janela do quarto. O fofoqueiro ainda tava lá, observando todo o movimento da rua. Eu não sei o que diabos me fez ficar a fim dele, já que ele vive só tomando chimarrão, sentado na frente de casa e vigiando a vida alheia. Ok que até ano passado nós éramos colegas e eu gostava do fato de que mais alguém era constantemente criticado pelas professoras, e que ele sabia da vida de todo mundo e me contava tudo, e que ele era um dos poucos que não ria da minha cara quando eu falava que queria ser médico mesmo sendo burro igual uma porta, e... bom, talvez eu tenha motivos pra gostar dele. Mas o fato de eu ter reprovado me fez sentir inferior, e eu fiquei sem jeito de conversar com ele de novo. E eu não tenho mais a desculpa esfarrapada de ir fazer trabalho na casa dele porque ele era minha dupla.
Checo meu celular tentando me distrair quando uma notificação de mensagem chega. É uma mensagem dele.
Eu percebi tu me olhando.
Parece que eu não sou o único fofoqueiro.
Quer vir aqui? Sei que tá sentindo falta.
Tu me ama, guri.
Eu te julgaria se fosse traficante de órgãos ou coisa parecida, mas não te julgo por ter reprovado.
E eu preciso contar pra alguém do que rolou com a Neide aqui da frente, senão eu vou explodir.
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SOLANGELO NOSSO DE CADA DIA!!
FanfictionOi tudo bem? Pois é, meu povo, me vem na cabeça muita ideia pra solangelo, mas eu nunca consigo concluir uma long fic (acho que é assim que se chama, não lembro kkkk), então vou postar as coisas de solangelo que me vem na cabeça aqui, pegando empres...